Sim! Sou contra todas as manifestações de racismo!

Não tenho dúvidas sobre o que se passou há quinze dias numa cidade dos Estados Unidos da América.
Um assassino, vestido de polícia, matou a sangue-frio e numa atitude de psicopata, um ser humano.
Mas também não tenho dúvidas de que este assassinato só se tornou possível numa sociedade que considera alguém que não é branco menos ser humano.
E é aqui que se fundamenta o fenómeno racista. Quando um ser humano desclassifica outro ser humano só porque este tem uma característica que o diferencia, seja a cor da pele, seja o país de origem, seja a classe social, seja lá o que for.
Aquele assassino vestido de polícia sabia, ou pensava saber, que a maioria branca o iria proteger e não o iria punir pelo que estava a fazer.
E esta é a outra face do racismo, aquela que vai para além do ato individual para se transformar numa atitude coletiva.
E este é um problema maior com que uma sociedade como a americana mas também como a portuguesa se debate.
As atitudes racistas individuais ganham uma dimensão maior e ainda mais grave quando são apropriadas pelo coletivo.
E temos todos os que consideram que não há seres humanos de primeira e de segunda de estar atentos e não embarcarmos em cantos de sereia que nos tentam atirar uns contra os outros.
E dou um exemplo falacioso para terminar este escrito.
Face a uma situação de contaminação de alguns elementos de etnia cigana na Azambuja, todos sabemos o teor de algumas reações, quer daquele senhor que pensa que Portugal se dirige como uma equipa de futebol, quer o próprio Presidente da Câmara daquela vila.
E então agora que se sabe que o aumento de contaminados na região de Lisboa tem origem em trabalhadores da construção civil? Vamos também dizer e exigir o mesmo tipo de ações que se pretendiam para aqueles seres humanos da Azambuja?
ps. Leio por estes dias um livro espantoso de uma escritora portuguesa, Ana Margarida de Carvalho, que considero uma das melhores escritoras de língua portuguesa de sempre. O livro chama-se «Não se pode morar nos olhos de um gato» e é um livro muito apropriado para percebermos os fundamentos do racismo.
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007.)
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