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Página Principal  /  A minha terra é Águas Belas • Águas Belas • Cultura • Tradições  /  Vender e comprar à porta de casa
03 Junho 2020

Vender e comprar à porta de casa

Por Maria Rosa Afonso
A minha terra é Águas Belas, Águas Belas, Cultura, Tradições 4 Comentários

Com diferente sentido, as compras à porta de casa, hoje tão usuais, em Águas Belas e noutras aldeias, vêm de um tempo, muito lá atrás, de trocas diretas e de um tempo, menos lá atrás, de negociantes, de cá e de fora, que compravam tudo o que se cultivava e criava.

Carrinha usada na venda de mercearias, azeite e petróleo pelas aldeias do concelho do Sabugal. Pertencia a António Alves Gonçalves, genro da Senhora Maria «Petroleira».

Trocas diretas – Em carroças, vinham louceiros que trocavam, pratos e malgas, de barro fino, vidrado, e barranhas, barranhões, bilhas e cântaros, de barro grosso, por produtos agrícolas. Cada coisa tinha um equivalente que variava conforme o valor do produto que se trocava. Por exemplo, podia-se comprar uma barranha, por uma malga de feijão, mas, se a troca fosse a milho, tinham de ser duas e, se fosse a pão, mais ainda.

Também, vinham carroças de laranjas que trocavam por igual quantidade de batatas. Como cá não as havia, pode imaginar-se a alegria dos miúdos, quando as mães trocavam batatas por laranjas!

Vender a negociantes – Os que compravam produtos das colheitas, andavam pelas portas: «Tem batatas para vender? Olhe que venho cá apanhá-las, tal dia, a este preço.» O mesmo com o milho, o feijão e as castanhas. Quem tinha para vender, se via que o preço não era mau, aproveitava.

Também, para todos os animais, havia muitos negociantes. Uns compravam vacas e bezerros, outros burros (eram os ciganos que dominavam este negócio, fosse às portas, fosse nos mercados), outros cabras e cabritos, outros ovelhas e borregos, outros porcos e leitões e outros coelhos, galinhas e frangos. Havia ainda outras vendas, de ovos, peles, ferro velho…

Os negociantes eram uma espécie de intermediários, compravam para vender a outros ou no mercado. As pessoas sabiam bem que vender à porta, nem sempre era vender pelo melhor preço, mas levar, ao mercado do Sabugal (a cerca de 10 kms), um bezerro ou uma vaca não era o mesmo que levar um taleigo de feijão ou milho.

Talvez, a palavra negócio me seja incómoda desde essa altura; havia concertação de preços e técnicas de venda que levavam quem vendia a ficar, sempre, com a sensação de ter feito um bom negócio.

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«A minha terra é Águas Belas», crónica de Maria Rosa Afonso

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4 Comments

  1. Maria Rosa Afonso Responder
    Quinta-feira, 4 Junho, 2020 às 12:45

    Não posso confirmar. O mérito da escolha da fotografia é de José Carlos Lages. É muito bonita e já documento histórico.

  2. Isidro Candeias Responder
    Quarta-feira, 3 Junho, 2020 às 19:35

    Parabéns pelo quadro de vendas apresentado
    A sua referência ao negócio de burros leva-a a um feliz aparte, o de que “eram os ciganos que dominavam este negócio”.
    Dominavam e de maneira!
    Vendiam burros a quem deles precisasse e faziam o favor de aceitar, a custo zero, os burros velhos, que já pouco ou nada interessassem aos seus donos.
    Foi o que se passou, ao que constava, com o Ti Zé Cavaca, do Ozendo, que lhes deu uma burra já bastante velha, sem fôlego e estofo para as suas necessidades.
    Ao dar a burra, pediu para lhe arranjarem uma outra mais nova, que, naturalmente, lhes compraria.
    Passados dias voltaram com a pretendida burra mais nova, que foi negociada, entregue e recebido o preço.
    Houve um dia que levar as vacas e a burra para um lameiro, fora da povoação e, nestas deslocações, os burros ou burras costumam podtar-se e caminhar à frente dos bovinos, animais mais pesados e vagarosos.
    Ao chegar ao sítio dos lameiros, para espanto do Ti Zé Cavaca, a burra entra para o seu lameiro, seguida das vacas.
    Só então e aí ficou a saber que a burra nova comprada só podia ser a burra velha que havia dado aos ciganos.
    Doutro modo, não conheceria o lameiro do dono.
    Um arranjo do pêlo, do rabo, dos dentes e uns tratamentos de choque, para reagir mais facilmente, haviam feito um “milagre” na burra.
    Parabéns e obrigado pela oportunidade proporcionada para trazer este episódio.

    • Maria Rosa afonso Responder
      Quinta-feira, 4 Junho, 2020 às 12:28

      Muito obrigada pelo comentário e pela «história» da venda e revenda dessa burra que conta de forma tão deliciosa e humorada. Estava a ler e a ver o que se ia passar. Imagino até o destino seguinte do pobre animal… Era assim, muitas vezes.

  3. António Emídio Responder
    Quarta-feira, 3 Junho, 2020 às 6:08

    Maria Rosa Afonso :

    A minha prima, para ser mais concreto a da minha mulher, vai gostar de ver essa foto… Penso que seja a Fernanda.

    António Emídio

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