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Página Principal  /  Covilhã • No trilho das minhas memórias • Viagens  /  Cem (Sem) dias de solidão
01 Maio 2020

Cem (Sem) dias de solidão

Por António José Alçada
Covilhã, No trilho das minhas memórias, Viagens antónio josé alçada 3 Comentários

É «sem» ou «cem»? Como uma simples palavra altera por completo o significado da frase, ou do título, neste caso. Infelizmente é «cem». Na realidade, uma viagem sem destino, sem paragens, sem dias, sem horas e sem tempo. Neste caso é «sem» mesmo! É assim que tenho conseguido ultrapassar este longo percurso de confinamento em casa, subitamente um palácio que ao meu olhar até um pequeno bibelot, herdado da minha trisavó, que nunca reparei, é uma valiosa relíquia. Mas sem duvida que ler e escrever é a melhor companhia e terapêutica para vencer estes «cem» dias difíceis.

tempo passado em solidão (cem) mas desejando a liberdade (sem)
Tempo passado em solidão (cem) mas desejando a liberdade (sem)

Só temos de ter paciência. Maldita paciência…

Finalmente um texto em ensaio. Um tempo passado em solidão (cem) mas desejando a liberdade (sem). A vida do palácio confunde-se com a matéria dos moveis, artefactos, livros, panos. Tudo parece fundir-se numa amálgama de cor sonante. Sentimos um chão a andar com o andar parado. Não se distingue a luz do sol da vela do castiçal.

Seguramente que é frustrante. Seguramente há quem morra desta cura porque não aguenta a pressão desta solidão. E a televisão? Bem, tem um prazo de «validade». A televisão é como ir à mesma loja e até sabemos os preços de cor. Sempre o mesmo. Imagem, som, côr, ideias, palavras, côr dos fatos de vestir, até os gráficos, valha-nos Deus!

O melhor caminho é mesmo imaginar um navio. Limita-mo-nos ao espaço que existe, às pessoas que estão a bordo. Um navio não é desejável um motim. Há vidas a bordo, responsabilidades, regras de segurança. Trabalha-se por «quartos» porque um dia tem 24 horas e cada turno oito. E forçosamente tem de existir um clima de entendimento na tripulação, clivagens desaparecem, conversas têm de ter elevação e respeito, cabeça a funcionar mesmo!

Para mim, um operacional do terreno desde jovem, é uma tormenta. E a terapia foi mesmo não pensar na chegada e quando voltaria a pisar a terra firme. Um dia de cada vez sabendo que o amanhã é igual a hoje, a ontem e anteontem. Nada de surpresas, nada de novidades, agradecer a comida no prato, a caneta e papel para escrever.

Na realidade a início entende-se. Confinamento para evitar a contaminação. Mas vendo as «borlas» noutros países, em alguns imprudentes no nosso Portugal, e a televisão a ajudar, raiva não falta e vontade de fugir é um impulso.

Mas a noção de navio regressa. Não se pode. O «mar» rodeia o palácio. É impossível. Temos de nos resignar e acalmar. Psicólogos e Psiquiatras, trabalho não lhes vai faltar!

Caímos na economia. Como vai ser sem se produzir tanto tempo? Claro, a espertice espreita. Empresas fecham. Funcionários dispensados. Negócios cancelados.

Mas também há mortes inesperadas, sofrimento imprevisto, risco elevado. Tudo se mistura, como em casa, levando-nos à entrada do desespero.

Mas na verdade a história vai ter um fim. E se a humanidade, numa era de inteligência, já cá anda há muitos anos, não será agora que vai acabar.

Só temos de ter paciência. Maldita paciência.

Covilhã, 12 de Abril de 2020

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«No trilho das minhas memórias», crónica de António José Alçada

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3 Comments

  1. Isabel Sango Responder
    Domingo, 3 Maio, 2020 às 14:33

    Uau ! texto muito bem pensado e bastante reflexivo 👏👏🙏

  2. Alex Responder
    Sábado, 2 Maio, 2020 às 8:38

    Claro que não vai acabar. Somos inteligentes, somos fortes.
    Muito giro. Bem pensada a analogía com o navio
    Bjs

  3. Etelvina Responder
    Sexta-feira, 1 Maio, 2020 às 22:43

    Bom texto uma agradavel leitura

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