Na parede do cemitério do Dirão da Rua existem dois símbolos fálicos. Certamente formas de culto existentes entre as comunidades pré-romanas que habitaram estes territórios.
Símbolo fálico remete-nos para conceitos de virilidade e fecundidade
A origem do culto ao falo é incerta. Está presente nas culturas desde a Antiguidade.
«O membro masculino em ereção era associado, na Antiguidade clássica, à vida, à fecundidade e à sorte… o falo não apenas afastava o mal como trazia sorte e felicidade.» (Funari, 2003).
Na Grécia, Hermes era homenageado como deus da fertilidade e no Império Romano os objetos religiosos em forma de pénis eram usados para prestar culto a Baco.
Tudo indica que os falos existentes na parede do cemitério do Dirão da Rua, são símbolos religiosos das civilizações pré-romanas. Provavelmente associados ao povoado castrejo do São Cornélio. Quanto à datação e interpretação são necessários estudos mais aprofundados por alguém com formação especializada. Estou convencido que poderão ter mais de 3 000 anos.
Seria um tipo de culto que mostra a força e poder do homem devido às funções desempenhadas, como a caça e defesa, reflexo de uma sociedade em que a mulher tinha um papel claramente secundário. Trata-se de um símbolo apotrópico que, perante as adversidades da natureza teria como objetivo trazer sorte, abundância, felicidade e afastar os maus agouros.
A aceitação e tolerância dos cultos locais, pela Igreja Católica, foi uma estratégia para cativar e converter as populações locais. Assim se explicam a existência de cultos pagãos disseminados em espaços reservados ao catolicismo.
Nota
Na foto A verificamos a ausência da parte superior da pequena esfera que se verifica na foto B, podendo simbolizar o sémen. Muito provavelmente foi subtraída em algum momento de transporte da pedra.
O símbolo da foto A tem de altura cerca de 65 cm e o da foto B acresce a esfera com mais cerca de 8 cm.
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«Memórias de Sortelha», opinião de António Gonçalves
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Janeiro de 2019)
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