Continuo a falar do linho. Quero falar de teares e tecedeiras, de artistas que teciam no linho, mais ou menos de cabeça, verdadeiras obras de arte, silvas bordadas, com diferentes motivos, desenhos e figuras. É longo o processo, até chegar a esse linho tecido.
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Das três qualidades de linho faziam-se coisas diferentes…
Fiar – O linho fiava-se com uma roca e um fuso. Colocado na posição correta, passava pela roca, torcia-se com os dedos e enrolava-se no fuso.
Mear – Depois de fiado, tirava-se do fuso e colocava-se numa «rodinha» para se fazerem as meadas.
Lavar as meadas – As meadas eram cozidas e lavadas, as vezes que fossem precisas, até ficarem branquinhas; fazia-se uma espécie de «barrela», dentro de cestos de verga, com palha e cinza; só depois de bem lavadas, se punham a enxugar.
Dobar – Depois de tratadas e secas, as meadas eram colocadas, uma a uma, num argadilho, a que também chamavam dobadoira, para se fazerem os novelos que serviam para urdir as teias.
Urdir – Os novelos dobados eram colocados, numa ordem certa, paralelos uns aos outros e sem enganos, no sítio devido; urdiam-se teias de linho fino, estopa e linho grosso.
Tecer – O linho era tecido em teares manuais. Antigamente, muitas pessoas tinham esses teares, para tecerem para casa; mas, havia tecedeiras que teciam para fora, para quem quisesse urdir uma teia. Tecer, era a vida delas. Só quando se começou a comprar tecido, nos mercados, essas tecedeiras deixaram de urdir teias de linho e muitas passaram só a tecer mantas de farrapos.
Das três qualidades de linho – tomentos, estopa e linho fino – faziam-se coisas diferentes, como é bom de ver:
– Dos tomentos, a parte mais grossa, podiam fazer-se sacos mais grosseiros, como os das batatas;
– Da estopa, podiam fazer-se sacos mais finos, como os do pão (centeio) ou os do milho; e,
– Do linho fino podiam fazer-se lençóis, travesseiros, toalhas de mesa e lavatório… e até camisas para os homens.
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«A minha terra é Águas Belas», crónica de Maria Rosa Afonso
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