As trovoadas são fenómenos meteorológicos temíveis. As pessoas refugiavam-se em casa e rezavam acreditando que assim conseguiriam a proteção divina.

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Um toro de carvalho cortado no dia 24 de Dezembro…
Por toda a região raiana as trovoadas são frequentes. Ao ouvirem o primeiro trovão a primeira preocupação das populações era irem para casa e recolhiam-se os animais para a loja.
Contavam-se histórias de que resultaram grandes prejuízos para os agricultores. Se estivessem em casa, iam buscar imediatamente o tição e colocá-lo no lume. Tratava-se de um toro de carvalho cortado no dia 24 de dezembro e queimado um pouco na noite de Natal; depois era guardado para ser utilizado para afastar as trovoadas.
Enquanto o toro ia ardendo as pessoas rezavam e diziam os responsos seguintes:
«Santa Bárbara bendita
Livra-nos desta trovoada maldita.»
Ou…
«São Jerónimo e Santa Bárbara bendita
Que no céu está escrita
Com papel e água benta
Nosso Senhor nos livre desta tormenta.
As chagas abertas
Corações feridos
Livrai-nos Senhor de todos os males e perigos.
Que Santa Bárbara arrume esta trovoada para os matos maninhos de Jerusalém
Que esta trovoada não dê prejuízo a ninguém.»
Seguia-se um «Pai Nosso» e uma «Avé Maria». Por vezes continuavam a rezar o terço.
Acreditavam que a oração era o melhor meio de conseguir a proteção de Deus, quiçá acalmar a ira divina!
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«Memórias de Sortelha», por António Augusto Gonçalves
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