Penso que todos e todas concordam que a comunicação social, no geral, tem especulado, sobre este novo vírus baptizado da doença de «coronavirus», tendo a aberviatura de «covid-19», levando-me a consultar a documentação produzida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para entender, de facto, o que se está a passar. O ridículo de se olhar para um asiático e fugir, ou mesmo não viajar para um local, mesmo a cinco quilómetros da nossa casa, por causa desta nova doença, é na minha modesta opinião um absurdo e só contribui para desacreditar os profissionais de saúde.

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O «nascimento» foi no mercado de peixe e marisco em Huanan…
A OMS produziu um interessante documento, no passado dia 28 de Fevereiro, sobre a realidade desta doença. Obviamente que são apresentados aspectos técnicos de microbilogia (ou biologia celular) mas no essencial, qualquer pessoa entende o que, na realidade, se passa. A equipa da OMS efectou visitas ao Município de Pequim, e às cidades de Sichuan (Província de Chengdu), Guangdong e Shenzhen (Província de Guangzhou) e Wuhan (Província de Hubei).
Em primeiro lugar ainda não se sabe quem é o «pai da criança». Sabemos que a doença provém de um animal, que transmite o vírus, mas ainda desconhecido. Sabe-se também que a localização do «nascimento» foi um mercado de peixe e marisco em Huanan (nas proximidades de Wuhan). Até 25 de Fevereiro ainda não tinham identificado nenhuma fonte animal.
A OMS, com base nos 56.000 casos reportados, apresentou as seguintes estatísticas: o designado grupo de risco, determinado com base no número de insucessos de combate à doença, são pessoas debilitadas com cancro, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias crónicas. A idade média são 51 anos, com 51% de doentes do sexo masculino. Dos doentes confirmados, 78% são de Hubei. No entanto as percentagens de doentes confirmados, noutras zonas da China, a 17 de fevereiro, são muito baixas: 2,8% em Shenzhen, 0,9% em Sichuan e 4,8% em Guangdong. A OMS atribuiu este sucesso ao cordão sanitário que foi implementado pelas autoridades chinesas em torno da cidade de Wuhan, em 23 de janeiro.
É bem salientado a falta de condições sanitárias do referido mercado, e o processo de transmissão aos humanos ainda não estar confirmado, embora seja referido que é efectuada através de gotículas e fomites (exemplos, calçado, toalhas, talheres, corrimãos, maçanetas, transportes colectivos), confirmando-se que dentro de casa a propagação é mais eficaz (78% a 85%, na província de Guangdong e Shichuan). A transmissão foi confirmadíssima em prisões e espaços fechados sem condições sanitárias adequadas. Nos profissionais de saúde foi indicada contaminação em cerca de 2.000, sendo 88% da Provincia de Hubei, em grande parte por desconhecimento da gravidade desta doença.
Também ainda não foi descoberto o processo de transmissão do vírus, a medicação e, o mais preocupante, qual o modelo para a experimentação do combate eficaz, ou seja, os bioensaios para testar terapias. Presentemente estão a usar o rato ACE2 (trangénico humano) e o macaco Rhesus com contaminação deste vírus, verificando-se que o mesmo está presente na língua e no tecido intestinal. O aparecimento de mutações do vírus, que dificultaria ainda mais a tarefa, ainda não foi detectada.
Não sendo um especialista na área, noto que a falta de condições sanitárias parece uma preocupação e também os espaços públicos fechados são zonas a merecerem uma atenção especial, em termos de desinfecção e limpeza.
Sendo um assunto sério deveria ser por isso tratado de outra maneira. Ao ler estes dados da OMS fiquei mais esclarecido e sei quais as medidas que devo tomar. Uma delas é mesmo não ir a correr ao hospital só porque tenho uma febre. Para além do risco de ficar «preso» posso contaminar outras pessoas ou até ser contaminado. Temos a linha «Saúde 24» que é uma boa alternativa de poder ser encaminhado de forma segura de como proceder.
É importante termos o sistema imunitário forte, com repouso, despreocupação e vida sã. E se formos alvo deste malandro temos de acreditar que as taxas de mortalidade já são muito baixas dada a resposta muito eficaz da China e da própria comunidade internacional que têm conseguido contrariar os efeitos malignos aos infectados.
Dundo, 29 de fevereiro de 2019.
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«No trilho das minhas memórias», ficção por António José Alçada
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2017)
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Obrigado meu caro. Um abraço
Muito objetivo! Parabéns meu amigo