Recordar é mesmo viver… ou reviver… E por isso, cá ando eu numa de tudo fazer não deixar esquecer a força da palavra e a força da sabedoria popular fabricada ao longo de muitos séculos. Hoje, trago mais duas ou três memórias… para memória futura. Bem-vindo!

Estórias e ditos populares da minha infância
Como disse mais uma vez na semana passada, adoro os ditos populares dos anos 60 a antes (do meu tempo de miúdo). E as estórias!
Esta estória, por exemplo… Contei-a um dia aqui e foi muito bem recebida. Vem a propósito, porque traduz uma situação de vida em que se confirma também um dito popular, que é o seguinte: «Não peças a quem pediu, nem sirvas a quem serviu». Mais sabedoria concentrada em tão poucas palavras era impossível…
Na minha aldeia, se alguém tem uma certa «pose», dizia-se assim: «Olhem bem para aquele denário!» ou «Olha lá o denário dela!» A palavra vem de «donaire», postura da nobreza e depois até da grande burguesia. É exactamente o que hoje se chama «pose» em bom francês.
E isso faz-me lembrar que aos miúdos (e não só, mas sobretudo) que andam sempre com parvoíces se diz assim:
– És um bom tcharepe…
Uma pessoa que anda de trombas é um «burgesso». Uma pessoa que não desenrasca as coisas é «um bom colhana». Um tipo que é pequeno e magro é «um meia-pele».
De uma pessoa que tem dificuldade em se movimentar ou que anda devagar e a tartamudear, diz-se que… «Anda ali a atchalandrar».
Na brincadeira para simular um palavraozeco, mas sem ofender, quando está vento diz-se: – Está cá uma arais. Mas c’ arais. Eu explico: arais é aragem, claro».
Há muito mais para ler sobre modos de falar do nosso Povo. Leia… (Aqui.)
Previsões populares do tempo
Um espanto, esta sabedoria…
Uma velha em Abril
Queimou um carro e um carril
Uma camba que lhe sobrou
Para Maio a guardou
E um bocado que lhe sobrou como um punho
Ainda o guardou para Junho.
Janeiro e Fevereiro já passaram.
Mas sobre Março há aquela:
Março, marçagão,
De manhã, inverno
E à tarde, verão.
Leia mais… (Aqui.)
Boa semana para si e para os seus!
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