Decorriam os tempos da última década do século passado quando começaram a chegar, ao concelho do Fundão, as primeiras comunidades de cidadãos ucranianos, radicando‐se principalmente em diversas freguesias da periferia do município. Recordo que um dos maiores grupos fixou residência em Aldeia de Joanes, com trabalho na construção civil, agricultura e afins. À data, a então Firma Lambelho e Ramos, Lda., proporcionou trabalho e dormida a muitos deles.

Pessoa solidária, sociável, prestável, sempre pronta a dar uma ajuda a quem precisa…
Decorriam os tempos da última década do século passado quando começaram a chegar, ao concelho do Fundão, as primeiras comunidades de cidadãos ucranianos, radicando‐se principalmente em diversas freguesias da periferia do município.
Recordo que um dos maiores grupos fixou residência em Aldeia de Joanes, com trabalho na construção civil, agricultura e afins. À data, a então Firma Lambelho e Ramos, Lda., proporcionou trabalho e dormida a muitos deles.
Uma das preocupações, além das questões sociais e humanitárias, prendia‐se com a aprendizagem da língua portuguesa. A Cáritas Paroquial de Aldeia de Joanes, núcleo criado há poucos meses e dependente da Cáritas Diocesana da Guarda, diligenciou para que uma professora fosse destacada da Escola Primária.
Assim, em horário nocturno, tiveram aulas de português. Em 19 de Janeiro deste ano registou o 17.º aniversário da sua fundação.
Também o Padre Motard, José Fernando Lambelho, organizou uma eucaristia e uma ceia de Natal nas instalações paroquiais da Cáritas de Aldeia de Joanes.
De uma forma geral, esta comunidade ucraniana, graças à dedicação e ao trabalho de integração social, beneficiou de diversos apoios, salientando‐se o prestado por Joaquina Passarinho, através da sua Mercearia, conhecedora pessoal das vivências e dificuldades migratórias.
Em 2002, por diversas razões, principalmente familiares, sociais, políticas e salariais, chegou ao Fundão a cidadã ucraniana Nina Tsybulska, nascida em Trocma Zytomyr, na Ucrânia, território que fazia parte da União Soviética. A família era constituída por nove filhos, quatro rapazes e cinco raparigas, cuja sustentabilidade resultava do trabalho da mãe numa unidade socialista do estado, onde se vendia de tudo, e da profissão de marceneiro do pai.
Com muitos sacrifícios da família, conseguiu uma formação na área da cultura, um curso de bibliotecária, sendo directora da Biblioteca da cidade de Uman. Esteve também na retaguarda, na defesa da sua pátria, a Ucrânia, contra o imperialismo russo.
Nina Tsybulska iniciou a odisseia em território português na freguesia da Fatela (Fundão), em actividades agrícolas e serviços domésticos. Atendendo à sua formação académica, rapidamente aprendeu o vocabulário português.
Na perspectiva de melhorar a sua vida salarial, foi tentada a deslocar‐se para o Algarve, onde viveu por momentos, apesar do curto espaço de tempo, uma verdadeira via sacra.
Regressou de novo o Fundão para voltar a exercer diversas actividades no sector agrícola e doméstico, destacando‐se também em missões de voluntariado e de solidariedade.
Hoje está completamente integrada. A sua integração é de tal forma evidente que faz parte do Rancho Folclórico da Fatela.
Em 2006 entrou nos quadros do APPCDM do Fundão, entidade de que já era colaboradora.
Em 9 de Junho de 2019, nas comemorações do 272.º aniversário do Concelho do Fundão, foi‐lhe atribuída a Medalha de Mérito Municipal, pois «é um exemplo, enquanto mulher imigrante, de proactividade, empenho, sensibilidade, assumindo um papel importante na integração de outros imigrantes, participando em todas as actividades realizadas no âmbito do acolhimento de cidadãos de outras paragens».

Quem contactar com esta cidadã ucraniana, verá ressaltar‐se de imediato a sua postura altamente comunicativa. Expressa‐se num português fluente e não há dúvidas de que é uma pessoa solidária, sociável, prestável, sempre pronta a dar uma ajuda a quem precisa, sem contrapartidas, num perfeito voluntariado.
A História das Comunidades também se constrói, no seu dia‐a‐dia, com o contributo insubstituível dos imigrantes, gentes humildes, solidárias e nobres, que são um verdadeiro exemplo de cidadania.
Nina Tsybulska está neste grupo.
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
Parabéns por esta iniciativa de integração. É gratificante para um emigrante ver no país de acolhimento gratidão. Palavra que tem vindo a desaparecer na nossa sociedade. São exemplos assim que nos enchem a alma. É bom saber que todos e todas temos um lugar neste vasto mundo.