Viajar hoje é quase obrigatório. Toda a gente gosta de mostrar aos amigos uma foto tirada algures longe da morada. Organizam-se excursões para visitas cá e lá fora, com viajantes que, por vezes, mal têm para comer. Mas, como é moda, toda a gente viaja.
>> ETAPA 49 >> TAHITI
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1996
TAHITI – Viagem Entre 21 de Julho e 5 de Agosto de 1996
Curiosidades: Viagem tratada pela Mapa Mundo. Custo da Viagem, 655.787$00.
Ilhas a visitar: Tahiti, Huahine, Bora Bora e Moorea.
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Não conhecia ninguém que fosse para lá. Portugueses na mesma viagem ia apenas o casal Baptista de Cascais.
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As ilhas do Taithi, Huahine, Bora Bora e Moorea fazem parte da Polinésia Francesa, constituída por cinco arquipélagos com 118 ilhas e atóis, um dos quais constituído pelas Ilhas Marquesas. Das 118 ilhas e atóis só 67 são habitados. Tahiti, conhecida por Ilha do Amor, pertence ao arquipélago da Sociedade. A capital da Polinésia Francesa, que tem entre 200.000 e 250.000 habitantes, é Papetee, com 25.700 habitantes, situada na ilha Tahiti. Estas ilhas são autênticos paraísos na Terra. Ficam a 6.000 quilómetros a leste da Austrália, a oito horas de voo a partir de Los Angeles, voando sobre o Oceano Pacífico.
Foi o português Fernão de Magalhães que, em 1521, descobriu a ilha de Puka Puka, atol do arquipélago de Tuamotu.
Em 1595, o português Pedro Fernandes de Queirós e o espanhol Álvaro de Mendaña descobriram o arquipélago das Marquesas, embora tenham mantido tal feito em segredo. Só em 1768 é que o francês Bougainville descobriu o Tahiti e reclamou a sua posse para a França.
Aqui a vida é tranquila, característica das ilhas, como acontece connosco nos Açores, sobretudo nas ilhas mais isoladas deste arquipélago, como Corvo, Flores, Pico, São Jorge, Graciosa e Santa Maria, ainda pouco procuradas por turistas. O mar isola-as do contacto humano e comercial, apesar dos aviões e barcos existentes entre elas. Por isso, são óptimas para quem quiser descansar longe do bulício das cidades. São autênticos cenóbios de monges que procuravam o isolamento, como os da serra da Arrábida.
>> 21.07.1996 >> Saída de Lisboa pelas 15:30 horas com a Air France até Paris e mudança apressada para o terminal 2C em autocarro do aeroporto. Continuação com a Air France, pelas 19:40 horas, para Papetee. A viagem durou 9 horas até Los Angeles, sobrevoando a Gronelândia. Parámos 45 minutos em Los Angeles. Foram mais 7:30 a 8:00 horas de voo até Papetee.
>> 22.07.1996 >> Chegada a Papetee pelas 05:30 horas locais (mais 11 horas que em Portugal). Receberam-nos com oferta dum colar de flores, como acontece na Índia. Seguimos para o hotel Tahiti Country Club. Fiquei no quarto 135, muito fraco. Dormi até às 09:30 horas, com o corpo ainda não adaptado à diferença horária. Pequeno-almoço fraco. Com o casal Baptista, bancário do Banco Totta em Cascais, e esposa fomos em truck por 120 f.polinésios até Papetee ver o mercado e a cidade. Pelas 13:30 horas fomos numa excursão à volta da ilha, que custou 3.800 f.p. com a Tekura Tahiti Travel. Visita do aquário com pequenos tubarões, grutas de Marae, museu Ganghiu, quedas de água de Faarumai e praia de areia preta. Regresso ao hotel. Comi de seco. Fui até à cidade mas não havia quase ninguém nas ruas. Regressei ao hotel pelas 21:00 horas.
>> 23.07.1996 >> Gastei a manhã passeando por Papetee. Comi bife nos chineses. Encontrei no mercado uma portuguesa do Paúl, a Jocelyne. Às 13:00 horas fui para o hotel. Às 14:40 horas vieram buscar-nos para o aeroporto. Às 15:30 horas partimos de avião para Huahine, a ilha menos turística, com paragem na ilha Raiatea. Fomos de jeep para Parea, uma aldeia junto à praia. Fiquei no Huaine Beach Club em bungalows de bambu. Não há nada senão belas praias e natureza (florestas). À noitinha estive à conversa com um grupo de moças e levei a Naima para o meu quarto. Ela parecia ter medo e não funcionou. Acabou por sair da palhota. Jantei no meu quarto n.º 506. Encontrei uma família francesa no hotel de Huahine.
>> 24.07.1996 >> Bom pequeno-almoço. Andei uns cinco quilómetros para ir a outra aldeia com o Sr. Baptista. Tempo chuvoso. Almocei bife de atum. Dormi a sesta. Jantei no quarto. Ouvi coros. Ensinaram-nos a descascar um coco. Cama.
>> 25.07.1996 >> Manhã enevoada e chuvosa. Fui à aldeia. Falei com as miuditas Diana, Sofia, etc. Andei de canoa com as filhas do casal francês, Nathalie e Delphine, que me escreveram durante alguns anos. Almocei bife de atum. Dormi. Passeei. Comi no quarto.
>> 26.07.1996 >> Levantei-me às 06:00 horas. Pequeno-almoço. Partida para o aeroporto. Pelas 08:30 horas tomámos o avião da Air Tahiti para Bora Bora. No aeroporto conheci a Corine, cantora. Apanhei um truck para o hotel Bora Bora Beach Club, na praia, longe da vila de Vaitapé, constituído por algumas unidades de um só piso em madeira, onde cheguei às 10:00 horas. Aguardei que vagasse o quarto. Entretanto, mudei de roupa no quarto da Maria, empregada francesa. A praia, comparada com as nossas, era fraca. Fiquei no quarto 406, razoável. Passeio. Almoço e jantar no hotel. Fui à praia de Moana, que quer dizer oceano, na ponta Matira, esta boa praia, de areia branca e água baixa. Falei com moças naturais – serveuses – e com miudagem de Papetee. Cama cedo. A ilha, procurada por mergulhadores, tem apenas 10.605 habitantes.
>> 27.07.1996 >> Pequeno-almoço pelas 08:00 horas. Fui novamente à praia Moana. Conversa com uma empregada do hotel, a professora francesa de Toulon, e mais duas serveuses. Almoço no hotel. De tarde fui a Vaitapé de autocarro. Pelo caminho havia campos de trigo e macieiras de cidra. Regresso no truck. Jantar no quarto. Danças polinésias, entre elas a dança do fogo, no hotel Sofitel, ali ao lado. Conversa com a Poe-Nui (Grande Pérola). A propósito, Tahiti exporta muitas pérolas. Cama pelas 21:30 horas.
>> 28.07.1996 >> Às 09:00 horas fui num passeio em piroga, tendo dado comida aos tubarões pequenos que vinham à mão. Depois fomos numa excursão organizada por um francês dono do pequeno restaurante frente ao Beach Club. Levou-nos numa carrinha até Vaitapé e depois fomos num iate até á ponta da ilha, tendo parado num local onde havia muitos peixes de todas as cores e enormes raias. A água era baixa, bastando pequenos mergulhos para tocar nos peixes e tirar-lhes fotos. Usei para o efeito a minha máquina fotográfica especial para fotos debaixo de água, que só se podia usar uma vez. Peixes lindos e raias cinzentas! Não sei onde pára o álbum dessas fotos. Desconfio que a minha filha Rita, que gosta tanto de animais e peixes, o escondeu em pequenina e agora não sabe onde o colocou. Almoçámos num coqueiral lindo, com pinhal à frente. A praia estava cheia de corais já mortos, tendo trazido alguns; regresso pelos corais. Passeio, jantar no quarto, caminhada, cama pelas 21:00 horas.
>> 29.07.1996 >> Dia meio chuvoso. Apesar de chuviscar, fui para a praia Moana. Falei com a Hiuano, bailarina simpática. Almocei bem no restaurante onde trabalhava a jovem francesa Laurence. Regresso à praia. Jantei no quarto. Passeatas. Cama.
>> 30.07.1996 >> Partida para Moorea pela manhã. Encontrei no cais a Hiuano, com quem conversei no aeroporto e com a mãe adoptiva, que me ofereceu um colar em coral azul bastante comprido. Almoço. Quarto 201. Passeio pela aldeia.
>> 31.07.1996 >> Às 09:00 horas passeio em volta da ilha com visita a uma destilaria, belveder e plantação de ananás e baunilha. A ilha tem apenas 14.700 habitantes. No alto da montanha Mouaputa vê-se um buraco bem redondo. Há uma lenda que diz que foi feito por uma seta atirada por um amante de outra montanha. Almoço de gambas pelas 15:00 horas. Conheci a Sandra e outra gorda. Passeata. Vi danças no hotel. Assisti aos Jogos Olímpicos na televisão.
>> 1.08.1996 >> Manhã num motu (pequena ilha) com o Sr. Zé Baptista, onde fomos em piroga. Conversei com jovens de origem chinesa. Regresso ao hotel em dia terrível de chuva. Jantei no quarto.
>> 2.08.1996 >> Passeio na aldeia. Comprei um pareo branco e preto. Ao meio-dia ida para o aeroporto. Paguei a conta com 200 F.F. em travellers. Chegada a Tahiti pelas 14:00 horas. Hotel Country Club, quarto 117, em frente a um muro de terra. Passeata por Papetee. À noite andei pelo quarteirão das boîtes e fui a uma espreitar, já que não sou amante de boîtes. Regresso pela 01:00 horas ao hotel.
>> 3.08.1996 >> Saí de manhã para Papetee. Andei pelo mercado. Conheci a Vanura, de 16 anos, bonita, descendente dum português, Bernardino de seu nome. Sempre um português em toda a parte! Depois conheci a Irene, gorda. Jantei junto ao mar um bife grande cozinhado em carrinhas. Fui ver o concurso de canções num café. Vi a Corine Tatia, que cumprimentei. Comprei dois pareos e uma cassete de música do Tahiti. Assisti a uma cena em que um cão enraivecido tentava morder um mais pequeno ao colo dum chinês que pedia socorro. Esperei mais de hora e meia pelo truck. Cheguei ao hotel pelas 11:00 horas. Já a Irene me tinha procurado. Tomei banho e nisto chega a Irene, com quem estive na cama. Ela saiu e eu dormi.
>> 4.08.1996 >> Levantar pelas 06:00 horas. Pequeno-almoço fraco. Aeroporto; embarque pelas 08:30 horas. Foram 07:30 horas de viagem até Los Angeles, onde reencontrei os franceses de Toulon, que conhecera em Huaine e que eram grandes viajantes, como eu. Mais 09:30 horas de voo até Paris, aeroporto Charles de Gaule. Recordo-me que do avião se viam muitos coelhos bravos passeando pelo terreno do aeroporto. E eu muitas vezes a procurá-los pelos vinhedos e matos da zona de Alenquer sem encontrar nenhum!
>> 5.08.1996 >> Pelas 19:30 horas parti para Lisboa num voo de duas horas. Chegada às 22:00 horas a casa.
Curiosidades
Moeda: Franco Polinésio. Cada Franco Polinésio valia 1$65. 1 F.F.=18,18 F.P. Vida caríssima.
Comprei dois pareos, um com pinturas de Paul Gauguin, pintor que viveu no Tahiti, e uma cópia de uma pintura de Gauguin: no mercado.
A cerveja mais conhecida era a Hinano, em lata comprida, de que trouxe 2 exemplares.
Total gasto=86.400$00, mais o custo da viagem=655.787$00.
(Fim da Etapa 49.)
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«Viagens dum Globetrotter», por Franklim Costa Braga
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