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08 Dezembro 2019

Ecos de Balada da Neve em tempo de Guerra

Por Isidro Alves Candeias
Isidro Alves Candeias
Ecos, Sabugal augusto gil, balada da neve, guiné, isidro candeias 1 Comentário

A tradição já não é o que era, ouvimos a cada instante e a respeito de quase tudo. No que concerne às alterações climáticas, tem o ditado a maior actualidade e pertinência.

Sabugal em dia de neve
Sabugal em dia de neve

Longe vão os tempos em que eram bem distintas as quatro estações do ano, incluindo os invernos de rigor, com queda de neve, amiúde e quase sempre em abundância, pela Guarda e seu termo, Sabugal incluído.

Foi assim nos tempos da nossa meninice, que bem recordamos.

À parte o frio e os embaraços no trânsito, a neve constituía uma riqueza para os campos e uma visão magnífica para os olhos, de quem a via pela primeira vez e para os daqueles que já a conheciam, mas que continuavam sempre a admirar.

Ninguém a terá apreciado, valorizado, perpetuado como Augusto Gil (1873-1929) que a celebrizou na «Balada da Neve», que se lê, se confirma, se vive, se decora e se recorda.

Trata-se de um poeta, «cujas poesias, … se decoram sem esforço, porque falam à alma e ao coração, numa linguagem simples, enternecedora e correntia», para utilizar os próprios termos em que é feita a sua apresentação no livro «Leituras – Ensino Primário Elementar – IV Classe», a que se segue a Balada da Neve, que por ali aprendemos.

Um ou outro aluno da Quarta Classe do nosso tempo, que, perguntado, diz não se lembrar da Balada da Neve, basta recordar-lhe as três primeiras (e fulcrais) palavras «Batem leve, levemente» para que continue e a reproduza, se não na íntegra, pelo menos na sua grande parte, mas sempre com um misto de regozijo nos olhos e franco sorriso.

Mais uma palavra para a neve, que, mesmo caindo amiúde e em abundância, como acima referido, não parecia cair suficientemente para o autor da Balada, o que decorre dos seus versos «há quanto tempo a não via e que saudade Deus meu».

Quando já se viveu no local e em tempo de neve, anos a fio, já se viveu a Balada na pele e no espírito, mas, mesmo assim, está-se, porém, longe de poder afirmar que o tema já está esgotado.

Faltará, pelo menos, ir à guerra e aproveitar a riqueza do poema para, «mutatis mutandis», descrever um ataque ao quartel que nos abriga.

Decorridas umas quatro décadas sobre o falecimento do celebrado Augusto Gil, um outro Augusto ou um outro Gil aproveitou o quadro temático, a estrutura, a métrica, enfim, o cotejo de uma não menos gravosa situação, para descrever um ataque ao quartel, na Guiné.

Não sou o Gil ou Augusto, que pôs mãos à obra, poetou e divulgou o que adiante se apresentará.

Tampouco me é dado poder felicitar, como desejaria e considero merecido, o autor, por absoluto desconhecimento do mesmo.

Sei apenas que a Balada circulava pelos quartéis e aquartelamentos e que cada um poderia servir-se dela, substituindo o nome de «Balada de Beli», que poderá ter sido o original, pelo nome da localidade do seu Quartel, como Canjadude, Pirada, Mansoa, Canquelifá, Cabuca, Catió, para mencionar apenas alguns que ora vêm à mente.

Foi o que também fiz para apresentar um ataque, que efectivamente se verificou e senti na pele, ao Quartel de MADINA MANDINGA.

Caserna de Madina Mandinga, fustigada por um ataque
Caserna de Madina Mandinga, fustigada por um ataque

Temos, pois…

BALADA DE MADINA

Voam forte, fortemente,
Provocando alvoroço.
Metralha de outra gente,
Que pretende, certamente,
Estragar-nos o almoço.

Será, talvez, um tornado?
Mas ainda há pouco tempo
Nem as chapas do telhado,
Mesmo desconjuntado,
Se moviam com o vento.

Fui ver! as morteiradas caíam
Do azul cinzento do Céu.
Grandes, negras, explodiam,
Como elas se moviam
E que barulho, Deus meu!

Olho através da seteira,
Está tudo acinzentado.
Elas caem e que poeira
Levantam à nossa beira,
Felizmente mais ao lado.
Fico olhando esses sinais
Deixados pela tormenta
E noto, por entre os mais,
Buracos descomunais
Dos impactos do Oitenta*
Inesperado, cortante,
Eis que ribomba o canhão,
Que, apesar de estar distante,
Com a sua voz troante
Vem espalhar a confusão.

Com potente vozear,
Estas armas falam forte.
O canhão a metralhar,
Propõe-se a enviar
Sua mensagem de morte.

Que quem é terrorista
Sofra tormentos, … enfim!
Mas a estas tropas, Senhor,
Porque lhes dás tanta dor? ! …
Porque padecem assim?!

E uma infinita tristeza,
Porque no coração é inverno,
Entra em mim, fica em mim presa.
Cai chumbo na natureza
Tornando Madina um inferno.

* Morteiro, calibre 80 mm

:: ::
«Ecos»
, crónica de Isidro Candeias

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Isidro Alves Candeias
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1 Comentário

  1. Avatar Manuel Nunes Responder a Manuel
    Segunda-feira, 9 Dezembro, 2019 às 15:18

    Recordar é viver! Outros tempos, contudo, sempre diferentes , mas de memória fácil para quem por eles passa ou passou! Bem- haja e grato por avivar tempos idos!

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