Já tive oportunidade de referir, neste blogue, o facto de ser um professor que leccionou em todos os graus de ensino – no antigo Ensino Primário (actual 1.º Ciclo), nos restantes ciclos do Ensino Básico, no Ensino Secundário e no Ensino Universitário.

Fui um professor que leccionou em todos os graus de ensino – no antigo Ensino Primário (actual 1.º Ciclo), nos restantes ciclos do Ensino Básico, no Ensino Secundário e no Ensino Universitário.
E lembro-me de que, quando me perguntavam em qual destes graus eu tinha gostado mais de leccionar, responder sempre que tinha sido no «Primário», da 1.ª à 4.ª classe.
E, no entanto, a minha vocação de professor foi decidida por acaso: originário de uma modesta família da raia sabugalense, órfão de pai em tenra idade, quando tinha 17 anos pedi uma bolsa de estudo à Fundação Gulbenkian para ir frequentar o Instituto Comercial e, posteriormente, «Económicas e Financeiras». A Fundação recusou-me a bolsa para o Instituto Comercial mas, em alternativa, ofereceu-ma para a Escola do Magistério Primário. Aceitei e foi deste modo que se iniciou a minha vida de professor. Mais tarde viriam o prosseguimento dos estudos e a carreira docente de que falei acima.
Vem esta introdução a propósito do seguinte comentário de um antigo aluno meu do Ensino Primário, o Hernâni Batista, enviado para o blogue «Capeia Arraiana»:
«O professor Adérito Tavares foi o meu professor primário em Almada desde 1968 até 1972, a partir daí nunca mais o vi. Tenho acompanhado no entanto o seu currículo académico e profissional. Foi um excelente professor, que me marcou muito pela positiva.Também sou professor e tenho colegas da disciplina de História que o conhecem. Ainda guardo fotografias de visitas de estudo que fizemos à zona de Setúbal e Arrábida e até um velho caderno diário, talvez da 3.ª classe. Não me esqueço que por vezes ao sábado à tarde fazíamos jogos na escola muito do agrado dos alunos.»
Obrigado, Hernâni (colega Hernâni!) pelas simpáticas palavras. Lembro-me muito bem de si e, na fotografia aqui incluída, em que estou eu com todos os meus alunos da 1.ª à 4.ª classe, destaco-o. E poderia também destacar o Moisés, o João Paulo, o Toninho, o Salomão, etc. Nós, os professores, quando chegamos ao fim da carreira, temos o grande privilégio de olhar para trás e vermos homens e mulheres em quem deixámos um pouco de nós próprios.
:: ::
«Na Raia da Memória», crónica de Adérito Tavares
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Dezembro de 2009.)
:: ::
Querido Professor Adérito Tavares
Tive o privilégio de ser sua aluna na Escola Secundária D. Estefânia, uma delegação do Rainha D. Leonor, por volta de 1978, estava eu no 8.º ano. A influência que teve na minha vida foi enorme uma vez que ditou o meu futuro, me fez seguir o curso de História e abraçar a profissão de Professor. O seu exemplo foi determinante, o seu modelo de aulas e da relação que estabeleço com os alunos têm guiado a minha vida enquanto docente e o meu sucesso deve-se a esse exemplo. As suas aulas eram um relâmpago, passavam a correr, e sempre que lia as minhas respostas nos testes que aplicava à turma deixava-me orgulhosa e aflita ao mesmo tempo.
Lembro de uma visita de estudo ao Palácio/Convento de Mafra da qual ainda guardo as fotografias e os episódios curiosos da História que ainda ensino aos meus alunos. Quando me perguntam quando é que tomei a decisão de me tornar professora, digo sempre que foi depois de ser sua aluna, o professor por quem me apaixonei e de quem guardo carinhosamente as melhores recordações. Quando me despeço dos meus alunos e eles partem para outros futuros, digo-lhes sempre que o maior sinal de gentileza e consideração é o facto de guardarem para sempre o meu nome na sua memória.
Eu guardei o seu, Professor Adérito. Obrigada e votos de muita saúde.
Maria Leonor Baião Santos
Caríssima ex-aluna Maria Leonor Baião Santos
Cara colega
Muito obrigado pelas suas amáveis palavras. Lembro-me muito bem da minha passagem pela Escola que refere, onde foi minha aluna. Mas acho que não se chamava de D. Estefânia. Ficava de facto situada na rua de D. Estefânia mas o seu nome era Escola Secundária do Arco do Cego. A Leonor era uma aluna muito atenta e interessada, e destacava-se na turma. Não sei se na sua turma se noutra havia outro aluno, de apelido Canhão, de quem todos diziam ser indisciplinado e brigão, mas que, nas minhas aulas, “bebia” as minhas palavras com toda a atenção do mundo.
Gosto muito de receber informações como a sua, de que influenciei as sua vida e a sua carreira. Parabéns a si e aos alunos que têm a sorte de a ter como professora. Nós, professores, quando chegamos à reforma, não deixamos atrás montes de papéis, deixamos gente em quem germinou a semente que lançámos à terra.
Saudações amigas do
Adérito Tavares
Tens toda a razão, caro Adérito (amigo e colega). Também eu, depois de terminar, contigo, o Curso do Magistério Primário, em Lisboa, exerci a profissão que mais me marcou até hoje – Professor, da 1ª à 6ª Classes, Director de Escola (nº 10, na Costa do Castelo, em Lisboa) e Secretário de Zona. Tudo isto nos poucos anos em que exerci (de 1961 a 1971, com interrupção em 65-66 a 67-68 para cumprir Serviço Militar Obrigatório,no Curso de Oficiais Milicianos, em Mafra e depois na Guerra, na Guiné. Entretanto paralelamente fui sempre avançando nos estudos até que acabei na Indústria Farmacêutica, durante36 anos. Comecei como Delegado de Informação médica e após diversos cursos de aperfeiçoamento e promoções cheguei ao topo da carreira na primeira dezena de anos. Durante esses anos Frequente, preparei, programei e orientei variados cursos de aperfeiçoamento e reciclagem de diversas equipas de vendas e marKeting. Também o material didáctico de uma das Empresas do Grupo onde trabalhei, foi de minha responsabilidade durante duas dzenas de anos. Sempre o bichnho do ensino. Termino com uma referência: a partir de certa altura nos anúncios que colocávamos para recrutamento de pessoal, a par da referência licenciatura ou frequência universitária, colocávamos: professor. Apenas refiro que tivémos mais de três dezenas de Professores (muitos deles do Ensino Primário) e desses, msis de sessenta po cento atingiram graus de promoção. E, aquele colaborador que supervisionou os mapas de História que ainda hoje se podem ver pendurados em muitas salas da aula de todos os graus de ensino? Lembras-te dele, Dr. Adérito Nunes Tavares. UM GRANDE ABRAÇO. Do amigo José Valente
Caro Amigo José Valente
Vão longínquos os bons tempos da Escola do Magistério Primário de Lisboa e as belas aulas do Prof. José Eduardo Moreirinhas Pinheiro, e as do Dr. Paínho (calçado com uma meia azul e outra encarnada!), e as severas aulas do Director, Octávio das Neves Dordonnat, e o namoro do filho dele, o Paulo, com a Gina, e… e… Mais próximos vão os tempos da nossa colaboração na Tecnodidáctica. Tudo isto contribuiu para fazer de nós os experientes professores de que falo neste texto.
Um grande abraço do
Adérito Tavares