Ante o espectro de uma guerra nas colónias africanas, o regime decidiu preparar-se militarmente para o novo desafio. Kaúlza de Arriaga, então Subsecretário de Estado da Aeronáutica, propôs a Salazar uma estratégia militar que deixou o ditador estupefacto.

O Conselho Superior de Defesa Nacional reuniu no dia 30 de Agosto de 1960 para discutir a futura estratégia militar portuguesa. Digladiaram-se duas perspectivas: uma, defendida por Costa Gomes, Subsecretário de Estado do Exército, apontava para o reforço do dispositivo militar nas colónias, outra, advogada por Kaúlza de Arriaga, preferia a criação de tropas especiais na metrópole capazes de em pouco tempo serem projectadas nos territórios africanos.
No decurso da reunião, Kaúlza de Arriaga, querendo valorizar o papel da Força Aérea, propôs a constituição imediata de uma brigada aerotransportada capaz de rapidamente resolver qualquer foco de rebelião que estalasse na Guiné, Angola ou Moçambique.
Salazar, que nada percebia de tropa, mas que sabia fazer contas, interrompeu Kaúlza, dizendo-lhe:
– O senhor também tem cada uma!
Escusado será dizer que o projecto de Kaúlza caiu por terra e vingou a tese de Costa Gomes do reforço dos efectivos militares presentes nas colónias africanas.
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«Histórias de Almanaque», por Paulo Leitão Batista
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