Num percurso pelo Capeia Arraiana, foi-me dado ver e apreciar uma fotografia aérea, intitulada «Imagem História, o Sabugal em 1941» com referências ao oficial piloto-aviador da Força Aérea Portuguesa, João de Deus Mendes Quintela, que nasceu a 26 de Junho de 1916 em Alfaiates, no concelho do Sabugal.
Li aqui no «Capeia Arraiana» um texto que publicava e referenciava uma fotografia aérea do Castelo do Sabugal, incluindo uma resposta alusiva ao mesmo, de Maria João Quintela, filha do oficial piloto-aviador João de Deus Mendes Quintela… (Aqui.)
Um dia sobrevoando o Sabugal o piloto-aviador da Força Aérea Portuguesa Mendes Quintela permitiu ao seu co-piloto, J. Fernandes, a captação de imagens do Castelo das Cinco Quinas. Essas leituras trouxeram-me à memória um facto, ocorrido 23 ou 24 anos depois, em que o mesmo oficial da Força Aérea Portuguesa, já com a Patente de Coronel Piloto-Aviador, voltou a sobrevoar o Sabugal, desta vez com um helicóptero Alouette III. Decorria o ano letivo de 1964/1965, em que eu frequentava, como aluno, o Externato Secundário do Sabugal, Colégio do Sabugal, designação por que era conhecido.
Decorrido mais de meio século, regressemos a tal ano letivo e ao efeito provocado na lecionação das aulas no Colégio pelo inabitual sobrevoo do Sabugal por um helicóptero.
Desnecessário seria dizer que o Colégio «parou», para dar lugar a uma aula, coletiva, de Ciências Aeronáuticas, ministrada no Castelo do Sabugal, a alunos e professores, já que, naquele caso, todos tinham a aprender.
O facto serviu-me de mote para o seu registo em modesto poema que, integrado num pequeno opúsculo «Divagando», enviei, em 1971, ao senhor oficial, entretanto já no Generalato, com a patente de Brigadeiro Piloto-Aviador e o cargo de 2.º Comandante da Academia Militar.
Recebi, honrosamente do mesmo, um pequeno cartão de agradecimentos e felicitações, que guardo em arquivo.
Com a singeleza, que o enforma, eis o poema:
Um helicóptero no Sabugal
Tocara a cabra há momentos,
havia a aula começado.
Houve ruídos barulhentos,
o Sabugal era sobrevoado.
Fomos à janela espreitar.
Tratava-se de um Alouette,
mas também lhe ouvi chamar:
um avião, uma avionete,…
Aterrara no Castelo
das Quinas do Sabugal,
para que quem quisesse vê-lo
acorresse ao local.
Um mar de gente para lá
e a uma velha ouvi dizer:
será o inimigo, será?
Que ninguém vá lá a ver.
Perguntava ainda a velhota,
com uma voz assustadora:
e se eles estão à porta
com alguma atrapalhadora*?
Não era nenhum espontâneo,
nem turra, segundo ela.
Era o nosso conterrâneo
Coronel Mendes Quintela**.
* quereria dizer metralhadora
** actualmente (1971) Brigadeiro.
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«Ecos», crónica de Isidro Candeias
Talvez para “proteger” os alunos de algum “extraterrestre… Quem sabe?
Maria João Quintela (filha de João de Deus Mendes Quintela)
Caros amigos, Isidro e Antonio Emidio…
Embora eu andasse nessa altura no colegio nao me lembro desse episodio do Heli… Provavelmente por ter estado ocupado com outros afazeres ou ter estado sentado numa das aulas dos professores não colaborantes.
Fico no entanto muito contente (Isidro), que tenhas decidido usar as redes sociais para assim nos poderes dar conta das tuas memorias desses tempos colegiais… abraço
Isidoro :
Lembro-me perfeitamente do helicóptero ter aterrado no Castelo. Todo o colégio correu para o vêr ! Todo ? Não ! O Padre Machado não permitiu que nenhum aluno que estava na sua sala, ele estava a dar uma aula, saísse. Eu estava na sala…
António Emídio
Caro Emídio
Obrigado pela atenção e pelo reparo.
Admito que, além do saudoso Padre Machado, outros Professores possam ter tido idêntica atitude.
A minha visão foi norteada por liberdades poéticas, extensivas à prosa, por forma a integrar o Colégio no “mar de gente” a caminho do Castelo.
Pela minha parte, nem sei qual o Professor que mandou ou deixou sair ou se tal questão nem se levantava.
Recordo, sim, que, diferentemente da atitude do saudoso Padre Machado, o também saudoso Padre José Pedro foi ao Castelo, dialogou com a tripulação, quis saber das características do aparelho e até perguntou o seu preço, recebendo a resposta de 2000(?) ou 20000(?) contos, diálogo a que assisti, embora o montante do preço, dado o tempo decorrido,… já não possa precisar.