As Portas da Vila sugerem a entrada num passado medievo. No âmago da Aldeia Histórica, a antiguidade, severa e granítica, grita silêncios durante a maior parte do ano e uma quietude religiosa acaricia as igrejas ainda que despojadas de fiéis.

A placidez vigente, quiçá excessivamente estabelecida, quebra-se, de forma esporádica com a visita de turistas e suspende-se de forma mais fincada, apenas duas vezes por ano. Uma, por ocasião da Feira Medieval, que regressa todas as primaveras para cumprimento dos seus programas e encenações. Outra, na festa a Nossa Senhora do Rosário de Fátima que se impõe, anualmente, no fim de semana mais próximo do dia treze de maio.
Por altura da festa, avivam-se todas as devoções. As luzes decoram recantos. As colchas engalanam janelas. Os rosmaninhos perfumam e tonalizam de verde as ruas. As maias, ripadas das gestas, pintam de amarelo torrado diversas passadeiras naturais. A música da banda solta-se de bombos, clarins, trompetes e tubas enchendo largos e ecoando por ruas e ruelas.
Os foguetes atroam as manhãs de alvorada e sonorizam, acuradamente, as procissões depois de missas que fluem em catadupa durante todo o fim de semana.
Da sua colina, cercada de profundos vales, a Antiga Vila exibe eventos e patrimónios, de forma sobranceira, perante as margens do rio Côa e recebe, de braços abertos, todos os que a queiram visitar independentemente do argumento.
Castelo Mendo preenche, de facto, este enquadramento que referimos ao qual somamos vetustos residentes ainda empenhados em trabalhos árduos e diários. Esta é a sua dinâmica presente. Assim se mantém viva. Assim se une e é amada pelas suas gentes.
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«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
(Cronista no Capeia Arraiana desde Maio de 2011)
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Parabéns ao cronista e ao fotógrafo Guilherme Capelo.
Amigo Fernando esta Crónica está simplesmente…fabulosa, isto analisada por quem está por dentro da realidade.