A Fortescue, gigante do ferro australiano e quarta maior produtora de ferro do mundo, posiciona-se na corrida ao lítio em Portugal. A empresa fez pedidos de prospecção para 22 áreas no Norte e no Sul, cobrindo toda a zona à volta das áreas identificadas com potencial para a exploração de lítio. Os anúncios de prospecção publicados no Diário da República incluem 308,5 km2, nos concelhos do Sabugal, Almeida e Guarda.

Nas últimas semanas foram publicados em «Diário da República» seis avisos a dar conta de que a Fortescue Metals Group Exploration requereu a «atribuição de direitos de prospecção e pesquisa de depósitos minerais de ouro, prata, chumbo, zinco, cobre, lítio, tungsténio, estanho e outros depósitos minerais ferrosos e minerais metálicos associados» em várias áreas do país, no norte e Centro de Portugal.
Os anúncios de prospecção são para as áreas denominadas «Nave» (308,5 km2, nos concelhos do Sabugal, Almeida e Guarda), «Calvo» (375,2 km2, nos concelhos de Almeida, Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo), «Cruto» (99,1 km2, localizados no concelhos de Braga, Barcelos e Vila Verde), «Fojo» (74,7 km2, nos concelhos de Melgaço, Monção e Arcos de Valdevez), «Viso» (133,3 km2, em Vieira do Minho, Montalegre, Cabeceiras de Bastos, Fafe) e «Crespo» (189,6 km2, em Idanha-a-Nova).
De acordo com a informação recolhida pelo jornal «Público» junto do gabinete do secretário de estado da Energia, a área para o qual os australianos da Fortescue querem ter autorização para fazer prospecção e pesquisa vai ser muito maior que a que consta nestes seis pedidos. Na Direcção-Geral de Energia e Geologia foram entregues 22 pedidos de autorização, confirmou o secretário de Estado da Energia, João Galamba.
Recorde-se que antes de constituir o grupo de trabalho para definir a estratégia nacional para o lítio, o Governo já tinha mais de 30 pedidos de prospecção de lítio para as áreas que já estavam identificadas. Todo somado, são mais de 1100 km2 de área a pesquisar, todos à volta das áreas que foram identificadas como de elevado potencial na estratégia nacional do lítio – e cuja autorização para pesquisa e exploração vai ser definida por concurso público internacional.
Ainda segundo a notícia do jornal «Público» a estratégia da Fortescue é clara: quando for lançado o concurso público internacional para entregar a pesquisa e exploração de lítio nas tais 11 áreas identificadas com elevado potencial, a Fortescue vai responder a essas mas entrará na corrida com mais 22 no bolso, pretendendo conhecer as ocorrências mineralógicas do lítio numa área bem mais vasta do que aquela que o Estado pretende levar a concurso. O Governo disse recentemente que elaborou um concurso de forma a atrair os grandes players do sector ainda antes das eleições. Antes destas afirmações, já a Fortescue andava no terreno a reunir com autarcas e a instruir pedidos de prospecção.
A Fortescue é uma empresa relativamente recente no sector – foi fundada em Perth, na Austrália, em 2003 – mas já é um dos gigantes da mineração, sobretudo quando em análise está a extracção e exploração de ferro em todo o mundo. É, actualmente, a quarta maior produtora global de minério de ferro, com uma operação integrada de exploração, mineração e transporte, que engloba a “ferrovia de carga pesada mais rápida do mundo”, um gigantesco porto de cinco ancoradouros de onde saem navios para todo o mundo, com particular frequência para a China. Toda esta operação fica do outro lado do planeta, mas agora no seu radar entrou um pequeno país na ponta ocidental da Europa.
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As baterias de lítio estão a ser utilizadas nos automóveis eléctricos e em equipamentos electrónicos portáteis como os telemóveis e os computadores.
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jcl (com jornal «Público»)
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