No século XVIII, sendo o vinho francês protegido em Inglaterra por um tratado comercial, um bom apreciador de vinhos veio a terreiro denunciar o erro daquele acto, por prejudicar o vinho português, o único que deixava os seus bebedores de excelente e belo humor.
Em 1711 publicava-se em Londres uma folha volante designada Spectador, da qual se tiravam 20 mil exemplares por edição. Um seu leitor, residente em Oxford, decidiu escrever uma carta ao director da pagela, que a publicou na edição seguinte. Reproduzimos o texto:
«Sem mentir, garantimos que nós fomos muito lesados com o acto que permite a entrada dos vinhos de França em Inglaterra.
Duas garrafas de excelente vinho de Portugal, macio e corroborante, que bebemos outro dia em casa do amigo George pôs-nos de belo humor e baniu toda a sorte de reserva. Mas esse maldito vinho vermelho de França há-de custar-nos mais dinheiro e não nos será mais salutar.
Se tivéssemos sido informados do projecto desse acto antes que o levassem tão longe, ficai certos de que teríamos apresentado os nossos requerimentos para pedir que fossemos permitidos a representar contra ele.»
Se era assim que se escrevia há 307 anos em Inglaterra, exaltando o bom vinho português, julgamos que nos dias de hoje as razões se mantêm para a defesa desse excelente produto nacional.
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«Histórias de Almanaque», por Paulo Leitão Batista
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