A Congregação dos Clérigos Agonizantes fixou-se na Sacaparte (Alfaiates) motivando os poderes para a renovação da ermida, cujo edifício é um harmónico conjunto de formas que se entregou à pastoral dos doentes e dos moribundos. Foi neste contexto que surgiu a Confraria de Nossa Senhora do Carmo da Sacaparte. Os cultos funerários, como as Alminhas, as Encomendações, os Sufrágios, o serviço aos doentes, foram aspectos que os Clérigos Agonizantes procuraram consciencializar nos fiéis. Junto da ermida havia alojamentos para as peregrinações de toda a Raia com albergaria, hospício para doentes e estábulo para animais de tiro e gado. (Parte 3 de 3.)

Os Clérigos procuraram melhorar as expressões de piedade popular. Entre estas contava-se a Procissão dos Nus, ou dos Encoirados, que se fazia na segunda oitava da Páscoa. A Procissão resultara de um voto ou promessa a Nossa Senhora, por causa de pessoas que desapareciam, ou levavam sumiço. Depois em procissão, com varas e pendões, cada freguesia trazendo um círio, ou cortejo, cujos participantes masculinos se apresentavam de tronco nu. Temos notícia no cancioneiro popular:
«Senhora da Sacaparte / Vinde à porta pequenina / Vereis dezóito em coiro / da Cintura para cima»
Consta que depois da primeira procissão, nunca mais ninguém levou sumiço, mas, criado o bispado de Pinhel, o bispo D. Bernardino Beltrão (1797-1828) achou necessário regularizar certos costumes populares que não se enquadravam nas exigências da liturgia sagrada. E determinou o fim do costume, não sem os protestos das povoações. Era já a modernidade do século XIX a entrar numa região que, durante séculos integrada na diocese de Lamego, pouca assistência de lá recebia, dada a lonjura…
Verificou-se, ainda em tempo de D. João V, que os Clérigos Agonizantes, afastados dos grandes centros, começaram a não motivar vocações e, por outro lado, ocorria que a Congregação dos Padres Camilos, mais modernizada, tinha praticamente os mesmos fins. Decidiu-se então, por alvará de 8 de Maio de 1750, que a Congregação de São Camilo de Léllis absorvesse os Agonizantes.
Quando os Camilos chegaram pela primeira vez a Tomina, em 1750, ainda lá encontraram 25 frades vivendo uns em covas e outros em casebres ou choças, tal como os habitantes da Serra. Houve uma reordenação comunitária e, em 5 de Setembro de 1750, na presença do Padre Geral, Frei Baltazar Olivier, francês, e do governador da praça de Alfaiates (João Xavier Teles, Conde de Unhão) procedeu-se à profissão solene nos Camilos de alguns frades, incluíndo uns que eram de Tomina. (Cláudio da Conceição, Gabinete Histórico, vol.12, 1829, p.68).
Renovada, a Congregação prosseguiu a vida pastoral. Os cultos funerários, como as Alminhas, as Encomendações, os Sufrágios, o serviço aos doentes, foram aspectos que eles procuraram consciencializar nos fiéis. A Congregação era simpática aos olhos de muita gente, tendo recebido, em testamento, bens de pessoas viúvas sem herdeiros, ou em cumprimento de promessas.
Quando, em Maio de 1834, veio o Decreto de extinção dos Institutos religiosos, o Convento tinha algum património: para além do construído (prestavam serviço no Hospital do Santuário e no da Misericórdia) incluíndo o seminário, dispunha de algumas propriedades rústicas. Face à lei, a Confraria de Nossa Senhora do Carmo candidatou-se a receber todo o património (pois as Confrarias não eram proibidas), mas o Governo tinha a sua: a Confraria só recebia a ermida, nem mais um metro.
Nas admiráveis páginas que em três compactos volumes dedicou à sua terra, o Padre Francisco Vaz deixou recados, visando a recuperação do património construído. A protecção total do Rossio (onde deve ser interdita qualquer construção particular) e a animação do complexo.
Ignoramos se o seu recado chegou ao destino, pois há muito que de Alfaiates nada sabemos. Oxalá este artigo consiga trazer a público qualquer boa notícia sobre o que está a ser feito.
Para mais informações:
Joaquim de Azevedo, Breve Notícia das Ordens Religiosas, Lisba, 1790; P. Gomes, História da Diocese da Guarda, Braga, 1981; Francisco Vaz, Alfaiates na Órbita da Sacaparte, vol.3, Colégio Pio XII, Lisboa, 1989, obra fundamental.
(Fim.)
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«Carta Dominical», por Jesué Pinharanda Gomes
Aggiungo una cosa: trova ora che lei è un celebre pensatore e ha scritto diversi libri. E proprio ieri ha ricevuto un’altra laurea honoris causa. Mi complimento con lei e perdoni il mio appunto.
Caro Signor Jesué Pinharanda Gomes,
grazie delle sue notizie su Sacaparte, che ho letto con piacere anche se non intendo bene il portoghese.
Sono un sacerdote dell’Ordine di San Camillo e da tanto tempo faccio ricerche sulla Congregazione della Tomina.
Però, però…
A me risulta che i sacerdoti della Tomina (una decina) il 25-05-1744 chiesero ufficialmente di essere incorporati nell’Ordine di San Camillo, ciò che avvenne nel 1750, per mezzo di un Commissario Generale che fu P. Baldassarre Olivieri e poi suo fratello P. Gennaro Olivieri. Anzi P. Gennaro fu anche il primo Maestro dei Novizi, e nel 1752 era Maestro dei Novizi proprio ad Alfaiates, dove i sacerdoti della Tomina abitavano già da tempo.
Spero che lei mi capisca e la saluto.
Olá, Jesué. Li o teu artigo, que está bem documentado. Deste-me uma ideia: Foram estes frades que instigaram a criação da Irmandade das Almas em Quadrazais, pelo seu fervor pelas Alminhas?
Franklim