A circuncisão é uma cerimónia praticada por diferentes povos, entre os quais se inclui o povo judeu. Jesus Cristo foi também sujeito ao ritual.
Trata-se de uma pequena cirurgia, a que se sujeita a criança para lhe retirarem um pequeno pedaço de pele, chamado prepúcio, do seu órgão genital. Esse procedimento não causava danos físicos e, entre os judeus, servia como sinal de que a criança pertencia ao povo de Deus. Ficaria sempre uma marca no corpo para lhe lembrar essa condição.
A prática foi por Deus ordenada a Abraão, para que todos os filhos varões da sua geração fossem circuncisados no oitavo dia do seu nascimento. Moisés inseriu essa obrigação na legislação dos hebreus, como sinal da sua aliança com Deus e como expiação do crime pelo sacrifício do sangue. De resto, os hebreus chamavam aos outros povos «incircuncisos», ainda que alguns tivessem também esse costume, como era o caso dos egípcios, que circuncisavam os seus sacerdotes.
Santo Agostinho considerou que a circuncisão dos judeus equivalia ao que depois foi o sacramento do batismo, introduzido entre os cristãos, ou Lei da Graça, por cujo acto se lavava o pecado original e se recebia o nome.
Cristo foi submetido a esta cerimónia da lei judia, sendo circuncisado em Belém, na gruta em que nasceu, recebendo o nome de Jesus. De resto, a festividade da circuncisão ficaria depois estabelecida no calendário cristão, correspondendo ao dia 1 de janeiro – ainda até há bem pouco tempo, esse dia era assinalado nos calendários como dia da circuncisão. Comemorava-se o primeiro derramamento de sangue do Salvador e era dia de jejum. O seu cumprimento como dia consagrado consta de vários concílios, como o de Tours, no ano 566, e o de Toledo, em 633, sendo reafirmado pelas teses da Faculdade de Teologia de Paris, em 1444.
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«Histórias de Almanaque», por Paulo Leitão Batista
Nada a acrescentar exceto perguntar se seria possível ter-se acesso à referência das teses da Faculdade de Teologia de Paris em 1444.