Fui obrigado a afastar-me do espírito da época em que vivo, refugiei-me numa espiritualidade humana e ética que tem por base o respeito pela Vida, pela dignidade do Homem e pala Natureza.
Atirei para bem longe com o meu corpo, a alma ao ver-se sem o seu companheiro, partiu, vagueia pelas margens do Côa, a sua vida é uma elegia de Saudade e solidão, é a missão dela depois de cada dor e tragédia, olhar para dentro, por isso é irmã da negra noite e da imensidão do medo.
O meu corpo jaz inerte como uma pedra num caminho, quem passa pode atirá-lo para qualquer canto do Infinito. Se sou apenas uma simples sombra, uma simples dádiva do Sol, onde estão os meus sonhos? A minha interior vida? Estão sequestrados, sequestrados pela mediocridade, pelo egoísmo sórdido, pela inveja, pelo embrutecimento moral e pela superficialidade.
Eu procuro a paz interior, e esta minha humana reacção é contra a miséria moral que me rodeia, um modelo de vida criado por um sistema que é o NADA!
Simples sombra, ou fuga a uma realidade impossível de mudar?
Simples sombra, ou fuga de mim próprio?
Os ponteiros inertes do relógio continuam a manter o tempo imóvel…
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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