Num mundo tão global e interligado, em que metade da humanidade está em trânsito, em que tudo tem a ver com tudo, atitudes unilaterais não são razoáveis. Apesar desta evidência, aparecem, aqui e ali, os «Trumps» desta vida a pôr tudo em causa, a denunciar acordos e compromissos internacionais, como se de uma coisa banal se tratasse.

Ora, isso é tudo menos uma coisa sem importância. Ainda bem que cresce a consciência do que está em jogo. Há uma opinião pública nacional e mundial que se movimenta, toma a palavra, vai para as ruas, condiciona decisões… Viu-se, há pouco tempo, no caso dos imigrantes que atravessaram ilegalmente a fronteira do México para os Estados Unidos, a quem separaram das suas crianças, colocando-as numa espécie de jaulas (quem é que podia imaginar isto!) e continuou a ver-se em todos os sítios onde o senhor Trump foi ultimamente (Bruxelas, Londres, Helsínquia).
Junto-me às manifestações contra ele e outros iguais, no entendimento de que são precisas respostas concertadas e inclusivas, com o envolvimento de todos, sem retóricas, ameaças e superioridades desnecessárias, como se houvesse uns países e uns líderes melhores, mais iluminados e mais dotados do que outros. A política não pode resumir-se a jogos de estratégia, a meias verdades e a protecionismos que não resolvem os problemas com que o mundo se confronta.
É a interdependência que precisamos de pensar e de construir. Uma interdependência assente numa dimensão de cidadania, de debate, conscientes de que somos participantes de um espaço alargado, muito para lá dos direitos e dos deveres de pertencer a uma freguesia, a um concelho, a um distrito a um país, a um continente…; uma interdependência com sentido ético – querer genuinamente o bem de todos – no respeito absoluto pelos consensos, já, hoje, largamente aceites: direitos humanos, democracia e estado de direito.
Sem isto, é andar para trás; é desconstruir, pondo em causa as bases de uma sociedade global de que não podemos sair. A realidade é o que é; não é uma ficção à medida de alguns.
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«Rostos e Contextos», crónica de Maria Rosa Afonso
Quem puder contribuir para essa análise, deve fazê-lo. Mas, já agora, com a objetividade possível, sem grelhas ideológicas. No tempo do Bush pai e do Bush filho não houve nenhuma intervenção?
Claro que no tempo do Bush pai e do Bush filho também houve intervenções. Toda a gente sabe disso. O que se tenta, agora, a todo o custo é branquear as intervenções que houve no tempo do Clinton e do Obama. Mas há sempre quem esteja atento a essa manobra. Essa das grelhas ideológicas não deixa de ter a sua piada, uma vez que tudo o que se diz de Trump é quase sempre baseado em “fake news” criadas pelos criativos do Partido Democrata,
Dizer mal do Trump , hoje, é um passatempo em todos os quadrantes. Analisar , na realidade, o que ele veio baralhar a geopolítica internacional é que dá mais trabalho. Quanto às questões do Mundo global, talvez as famílias das vítimas dos drones da Killary Clinton , que nem sabem o que isso seja, possam responder. Estavam lá descansadinhas no seu canto, sem saberem de nada do que era globalização, aparecem os drones e zás… Tudo em nome da Democracia ocidental
O Trump veio baralhar tudo na política internacional e ainda bem… Estavam habituados às guerras, ás invasões de países, às ocupações de territórios do Clinton e do Obama, aos drones que matavam crianças em qualquer lugar do Mundo, acusando-as de serem cúmplices dos terroristas e o Trump baralhou isso tudo. Ainda bem que assim aconteceu. E que eu saiba, as estrelas de Holywood (que nunca se queixaram de qualquer guerra feita pelo Clinton ou o Obama) têm liberdade de expressão, tanto que chamam traidor ao Trump, porque este fez uma cimeira com o outro país que tem armamento nuclear capaz de fazer frente aos Estados Unidos. E isto eles não conseguem entender. Querem ser eles os donos do Mundo. Portanto, é tudo ao contrário do que está no artigo.
Obrigada pelo comentário. Ainda bem que há opiniões diferentes. Eu penso do Trump muito pior do que o que escrevi nesta crónica. Falei dele, obviamente; mas o mais importante na crónica é uma questão política: como resolvemos os problemas que o mundo global tem pela frente? Este é o ponto.