Na Ilha da Madeira, no Largo da Achada do Bairro de Santo António na Camacha, pela mão (e pelo pé) dos ingleses, realizou-se em 1875, em território português, o primeiro jogo de futebol.

O inglês Harry Carvelery Hilton, filho de um grande produtor de bananas, aos 18 anos trouxe para a Madeira uma bola de «football», jogo que já se praticava em Inglaterra há vinte anos. A rapaziada madeirense começou em escolas e colégios a dar pontapés numa bola, nem que fosse de trapos. Actualmente, nestes espaços todos dão pontapés, mas em outros objectos…
A sete quilómetros nasceu um dos maiores astros do Futebol Mundial, Cristiano Ronaldo, o quarto filho de Maria Dolores, a «Mãe Coragem», que dada a pobreza ainda pediu a umas curiosas para que este não nascesse, mas o destino estava traçado.
No dia em que nasceu, o médico assistente colocou-o no regaço com esta profecia: «O menino tem pés de atleta, de futebolista.» Acabara de nascer o maior jogador mundial da actualidade.
Aos 12 anos já estava em Lisboa, no Sporting Clube de Portugal. A sua estreia foi num jogo de infantis contra a equipa do Sindicato de Setúbal, no Campo das Curvas, na cidade de Bocage. Só jogou vinte e cinco minutos e marcou quatro golos. O Sporting ganhou por 17-0. Se Ronaldo tivesse jogado todo o tempo, o resultado final seria ainda mais escandaloso.
Começou o Campeonato do Mundo na Rússia, e a seguir ao primeiro jogo contra a Espanha, todos os jornais do mundo falam de Ronaldo, «O Maior, O Celestial, O Monstro, O Bestial».
Nestes dias todos os sectores da sociedade portuguesa e mundial estão com os olhos atentos no Mundial de Futebol.
No espaço que ocupo, as palavras são viradas para os jogos: «Temos de ver a nossa selecção, é quase a nossa religião, temos de jantar mais cedo, temos de tomar a medicamentação mais tarde, temos… temos…» e todos vibramos, apertamos as mãos, damos abraços, mesmo aqueles mais vulneráveis, mais doentes. Nota-se mais ânimo, mais força, para vencer as adversidades destas doenças malditas.
A Irmã Hospitaleira, enfermeira, com sangue arraiano, diz-nos: «Não posso deixar de ver Portugal a jogar e a ganhar. Era tão bom que tivéssemos ganho aos espanhóis. Já repararam no corpo do Cristiano Ronaldo, todo ele versátil? Lembra-me os movimentos físicos dos ginetes, gatos bravos, sempre de cabeça levantada, pernas móveis em todas as direcções e nunca caem com a cabeça no chão. O Ronaldo tem outro factor importante: é o grande afecto da Mãe, um apoio imprescindível para o equilíbrio afectivo, físico, mental e psicológico.» Esta Irmã, além de medicina, também sabe de futebol, não é treinadora de bancada.
Também o Papa Francisco, um espectador atento do futebol, sócio de um Clube de Buenos Aires, não se esqueceu deste acontecimento mundial e escreveu uma mensagem com o título «Dar o melhor de si».
O Papa, ao longo de cinco capítulos, aborda a evolução do desporto, relacionando-o com a dignidade humana e a religião. Lembra que «a experiência do desporto implica justiça, sacrifício, alegria, harmonia, coragem, igualdade, respeito e solidariedade nesta busca de sentido». Leiam o texto na íntegra e meditem. Dá pano para muitas mangas.
Aqui todos desejamos que Portugal ganhe o Campeonato Mundial.
Uma Irmã Hospitaleira diz-me a sorrir: «Quarta-feira vamos vingar-nos de Alcácer-Quibir.»
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista no Capeia Arraiana desde Março de 2012)
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Abraço António