Calçada é uma rua empedrada. Inspirou poetas, como António Gedeão, falando da calçada de Carriche, em Lisboa – «Sobe que sobe, Luísa sobe, sobe a calçada!» – diz o poeta. Outras calçadas existem em Lisboa, umas com história, outras nem por isso…

Nas primeiras incluirei a Calçada do Carmo, onde fica o quartel general da GNR, onde se refugiou Marcelo Caetano e Américo Tomás no 25 de Abril de 1974; a Calçada do Combro, onde fica um quartel da GNR, instalado no antigo convento de Santa Catarina; a Calçada da Estrela, que vai da Rua de São Bento até ao Largo da Estrela, ficando à sua direita a Assembleia da República e a morada do primeiro-ministro; a Calçada do Grilo, onde existia o convento dos frades grilos; a Calçada da Ajuda, onde ficam vários quartéis, o de Cavalaria 7 e o de Lanceiros 1, entre outros, não estivesse ao lado o Palácio de Belém, morada dos Presidentes da República e perto do Palácio da Ajuda, morada dos últimos reis, que era necessário proteger. De menor importância histórica serão a Calçada da Boa Hora, a Calçada do Marquês de Abrantes e muitas outras.
Em Quadrazais não havia calçadas que tivessem presenciado factos históricos mas,nos arquivos paroquiais fala-se de calçada e calçadinha em Quadrazais. Ainda hoje existe a calçadinha no jardinzito da casa que foi do Sr. Zezinho e debaixo do passadiço da casa do Tó Neceto. Calçada existia uma, que não consegui identificar, mas desconfio que seria a que fica em frente da casa do Sr. Zezinho e que liga com o Eiró.
Os passeios de Lisboa são empedrados e, por isso a eles se chama calçada à portuguesa, isto é, com pedras brancas de calcário e pretas de basalto, abundante na região de Lisboa, formando desenhos que tornam Lisboa ímpar nos passeios, sendo apreciados pelos turistas, tendo mesmo o Brasil e Cabo Verde contratado calceteiros de Lisboa para fazerem algumas calçadas à portuguesa nos seus países.
As calçadas em Quadrazais eram em chinas bem lisas tiradas do rio Côa, que muitas tinha e continua a ter, e foram moda no século XIX ou mesmo antes. Encontramo-las dentro das capelas do Espírito Santo e de Santo António, aqui cobertas há alguns anos por cimento, talvez porque era incómodo ajoelhar em cima delas. Não sei se o chão de mais alguma capela ou igreja foi coberta por esta calçada.
Encontramo-la em vários outros locais: no adro da igreja de São João, no Sabugal, em frente da Câmara Municipal do Sabugal, com desenhos geométricos a preto, e provavelmente noutras terras. Em Malcata, no adro da igreja encontramos uma calçada feita de pequenos pedaços de mármore, formando desenhos com outras pedras de… Terá havido calçada de chinas do rio, agora substituídas? Em Espanha, mais perto da fronteira de Portugal, também a encontrei numa igreja de Ciudad Rodrigo.
Onde começou a moda? Em Portugal ou Espanha? Tema com algum interesse para quem queira fazer investigação.
A propósito de calçadas: no Ozendo ainda subsiste a calçada à volta da casa do antigo capelão do Patriarcado de Lisboa (1900) Padre Damião; o reduto da igreja (capela de São Sebastião) também estava calcetado. Mas o mais interessante é que se saiba, havia uma estrada Romana entre o Sabugal passando pelo Ozendo que fazia a ligação ao Soito e Aldeia da Ponte. No Ozendo ainda nos anos noventa do século XX, eram bem visíveis na Rua da Ribeira os empedrados de uma calçada tipicamente Romana que lamentavelmente terá sido coberta pela nova calçada.