Numa semana em que os opositores do direito à morte assistida vão andar por aí, sobretudo, nas televisões, aqui deixo a minha opinião.

Quando foi detetado o cancro à minha falecida mulher, a decisão dos médicos foi neutralizar os nervos em torno do tumor para que pudesse viver os últimos meses da sua vida sem dores.
E aconselharam-me na altura a nada fazer e a deixar que morresse com alguma qualidade de vida.
Não foi esse o meu entendimento e incitei-a a avançar para tratamentos de quimioterapia.
Dos seis meses de vida previstos, a minha mulher teve mais um ano. Um ano de sofrimento, de péssima qualidade de vida, de agonia.
Sei-o bem pois durante esse tempo, a Força Aérea permitiu-me que tornasse a minha mulher como o centro da minha vida e com ela partilhei, quase 24 horas sobre 24 horas o seu calvário.
Ainda hoje me arrependo de não ter seguido os conselhos médicos.
Dores passou a ter a minha mulher por causa da quimioterapia.
Dores físicas, mas também, e sobretudo, dores de se autodestruir dia após dia.
E este exemplo faz cair por terra os argumentos dos cuidados paliativos e da doença sem dor.
E por isso não tenho dúvidas em defender o direito de cada um à sua própria vida, logo à sua própria morte.
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ps. Amanhã, dia 27 realiza-se mais uma sessão da Assembleia Municipal. E se este é um acontecimento da máxima importância democrática, é uma forma ótima de celebrar o 44.º aniversário do 25 de Abril!
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007)
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A questão é muito profunda tem várias nuances que importa ter em consideração.
É muito importante saber o sentimento dos próprios pelas decisões que tomam, devendo fazê-lo de forma realmente esclarecida/informada.
Se os cuidados paliativos funcionassem a sério…
Lamento profundamente que em certas situações as pessoas tenham de sofrer tanto para morrer sem ter acesso a cuidados paliativos de qualidade…
Todos os casos são diferentes – mas a vontade do próprio deve ser sempre a decisão. Ontem ouvimos na comunicação social uma senhora que não quis transfusão após cesariana, por opção religiosa. Ainda que a forma de a maioria pensar não seja essa – a sua vontade deve ser respeitada.