Redizer ano novo, vida nova é como insistir na mesma senha no início de cada ano. Há, apesar disso, muito de velho que se transfere para o novo ano.
Confiam-se ao novo ano velhos sonhos e aspirações, antigos usos, promessas atrasadas e recuados incumprimentos.
É velho e repetido o ritual regado com champanhe, adoçado com passas, suavizado com abraços e beijos entre familiares e amigos. Todos os anos esta praxe é condimentada com assaz avidez de mudança.
E não é que a vida sempre mude ou, mudando, mude para melhor.
Em cada mudança de ano a alteração de calendário é garantida e, desse ponto de vista, verifica-se uma substituição de ciclo que poderá ser similar, melhor ou pior que o anterior. De resto, cada ciclo ficará como uma marca, um sinal.
O fim do ano é o termino de uma etapa, um momento em que nos habituámos a olhar para trás alimentando, nesse relance, a esperança de uma mudança capaz de nos melhorar o futuro.
Contudo, não se têm vindo a confirmar demasiadas mudanças otimistas e não é crível que alguma vez, algum maná, só porque sim, possa cair do Céu. Deixo, então, entre vários anseios, um que rotulo de mais importante que é o desejo de um empenho coletivo mais sério, capaz de propiciar um país melhor, sobretudo, mais justo e mais solidário. Assim se reforce a esperança com a maximização de propósitos e objetivos.
De facto, não é fácil obter uma mudança benéfica se ela for, apenas, esperada na passagem do tempo pretendendo, apesar disso, garantir o que de bom ela possa oferecer.
Será, portanto, relevante marcar o novo ano com novos intentos. Eles serão, per si, fonte de motivação. As nossas pretensões, inscritas no tempo, poderão funcionar como lembretes nas nossas vontades. E se acontecerem, como é provável que aconteçam, momentos de perda, haja concentração para meditar no essencial por forma a poder reiniciar.
Propício a uma mudança para melhor não será, certamente, ficarmo-nos, após o inicio do ano, à espera que algo de milagroso aconteça porque, em todos os dias, só pode valer a pena encarar a vida de frente.
Chegados, então, à abertura de um novo ciclo quero desejar felicidade e sorte ao estimado leitor mas desejo-lhe também um ânimo redobrado.
Na verdade a determinação, tantas vezes fundamental, é determinante no inicio de um novo ano e adivinha-se crucial para que dois mil e dezoito se possa vir a revelar diferente para melhor.
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«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
(Cronista no Capeia Arraiana desde Maio de 2011)
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