O castelo do Sabugal pintado e cantado por Alcínio. Do alto da vistosa torre pentagonal o poeta observa os conterrâneos e as terras distantes que muitos deles procuraram, guardando sempre o castelo altaneiro como memória.

Castelo das Cinco Quinas
Conta-me tu garboso e invencível castelo mensageiro
Da solidez do teu casco granítico
O que vês da majestosa torre de menagem
Dos sabugalenses que a má sina e os ventos desfavoráveis
Disseminou por outras paragens do mundo
Que és o luzeiro e guardião de todos os feitos
Dos que partiram para outros campos de batalha
Vencendo todas as barreiras naturais que caldearam
E formataram o carácter e determinação do seu espírito indomável
Que te guardam na sua memória.
Faz-lhe um aceno de esperança, oferece-lhe a tua guarida
Lembra ao homem insano que a sua vida é curta e efémera
Recorda-lhe que jamais foste derrotado
Nem pelo tempo, nem os homens, nem a história
Mostra-lhe o horizonte que contemplas do alto das tuas muralhas
Os cambiantes coloridos sempre em mutação dos teus campos
Do arvoredo sempre renovado
Dos miradouros de outros castelos vizinhos
Do ar puro que exala da vegetação,
Das suas nascentes de água pura ribeiras e rio
Da paz e silêncio que convidam ao descanso e a reflexão
Dos murmúrios de saudade que se escutam dos campos abandonados
Da agitação das noites sombrias ou de luares de prata
Onde ardilosos contrabandistas pugnavam com os seus inimigos
Hoje sombras paradas na escuridão da noite ou do sol radiante diurno.
Das alvoradas, das bandas, das descargas dos foguetes, das procissões
Dos convívios amistosos dos encerros, das capeias
Do ar engalanado das aldeias brancas espalhadas pela paisagem
Deixa esse lado da vida vem reencontrar-te com o passado.
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«Vivências a Cor», expressão de Alcínio Vicente
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