As personagens das histórias do «Azeite ao Sabão» e de «O Filho do 46», Zé Bicho e Toninho Presas, foram-no também de uma outra história passada em França, nos arredores de Paris.

O Zé Bicho, que fora meu companheiro na escola e colega de brincadeiras na minha infância, era cliente dum certo doutor francês ou trabalhava para ele. Tinha este um cabritinho de estimação que se alimentava das ervas e folhas dos arbustos do seu quintal. Desejava ele ir de férias, mas não tinha a quem deixar o cabritinho. Ou que tivesse pedido ao Zé Bicho, ou que este se tivesse oferecido para lho guardar em sua casa, foi o doutor de férias e o Zé ficou com o animal.
O Zé Bicho morava num pequeno andar, onde cheguei a dormir uma noite em que o visitei, sem qualquer quintalito, pátio ou terraço para alojar o cabritinho. Porque a mãe Patrocina não gostasse que o cabritinho lhe sujasse a casa ou porque o Zé Bicho reconhecesse que não tinha condições para o manter nela, lembrou-se um dia de se livrar dele. Convida alguns quadrazenhos vizinhos, entre os quais o Toninho Presas, matam o cabritinho, assam-no e vá de patuscar com fartura de cervejas e vinho a acompanhar.
Chega o doutor de férias e procura o cabritinho junto do Zé Bicho. Responde-lhe este:
– O cabritinho fugiu de casa e nunca mais o vi.
O desgosto do doutor foi tal que mandou publicar num jornal de Paris a foto do cabritinho, prontificando-se a gratificar quem o tivesse encontrado e lho entregasse. Nem lhe passou pela cabeça que o Zé pudesse praticar tal maldade.
Claro que ninguém o poderia encontrar porque há muito que os petiscadores já haviam feito a digestão dos seus lombinhos e demais carne, transformando-os em carne e sangue para os seus corpos.
Gosto desta estória
Obrigado, minha Ritinha!