A Enertech – Feira das Tecnologias para a Energia, realizada entre os dias 25 e 28 de Maio, redundou num fiasco no que toca à atractividade e à projecção do concelho do Sabugal.

Passados quase dois meses sobre o certame e colhida informação relevante, tecemos considerações acerca do seu impacto.
Como ponto prévio a essa análise importa dizer que, na ausência de obra física de vulto, o Município do Sabugal tem apostado na realização imaterial para criar a ideia de dinâmica empreendedora. Colóquios, exposições, provas desportivas, apresentação de livros, concertos musicais, representações teatrais, mercadinhos de produtos locais – de tudo se tem feito na perspectiva de apresentar serviço. Porém, ainda que algumas dessas realizações sejam de reconhecida qualidade e oportunidade, a todas falta o factor promocional, que é essencial para atrair pessoas ao concelho.
Há um ano a autarquia lançou a Enertech – Feira das Tecnologias para a Energia, como forma de catapultar o Sabugal num sector económico promissor, e este ano repetiu o evento.
A ideia foi organizar um evento popular, que atraísse uma mole humana ao concelho. Nessa peugada, a segunda edição da feira passou do centro da cidade para o arrabalde, onde ganhou espaço para acolher as massas.
Adaptou-se o pavilhão gimnodesportivo, instalaram-se tendas gigantes, contrataram-se insufláveis para as crianças, montaram-se bancas de artesanato e produtos locais, disponibilizaram-se bares de comes e bebes e até se criou uma «fan zone» para o público assistir a jogos de futebol televisonados. Gastaram-se imensos recursos – só a uma empresa de Braga a Câmara pagou 54 mil euros. Mas nada, em termos de resultado prático face ao pretendido, a feira das energias pautou-se pelo fracasso.
Uma palavra de louvor para os profissionais da Câmara encarregues de colher imagens do evento para publicação nas plataformas digitais do Município, que tentaram esbater, pela aparência, o malogro da iniciativa.
Se a Câmara não tem capacidade para atrair muita gente aos eventos, por falha comunicacional, falta de marketing ou ausência de especialistas em comunicação (estamos em crer que não é por falha orçamental), então seria curial que o evento se ficasse pela difusão das energias naturais, destacando o papel que o concelho do Sabugal pode ter nesta área. Dito de outra forma: ao invés de organizar uma iniciativa com o objectivo de atrair muitas pessoas, a Câmara deveria ter apostado num certame tecnológico, voltado para empresários e profissionais do sector das energias. Nesse caso valorizar-se-iam as conferências e os debates que tiveram lugar sobre fontes de financiamento, certificação energética, mobilidade, e outros temas pertinentes. Os resultados do certame seriam unicamente medidos pela participação nesses debates, pelos contratos assinados durante e após a Enertech e, ainda, pelo investimento captado para o concelho.
Porém, se o objectivo é trazer uma mole humana ao Sabugal, então tem que se apostar noutro tipo de organização. O tema foi discutido numa reunião recente do executivo municipal, e merece reflexão: Que tipo de evento o Sabugal necessita para gerar atractividade, cativando o público a vir às nossas terras num momento preciso, criando dinâmica e lançando as bases para um benefício futuro.
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«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
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AMIGO MARTINS EU FALEI NOS PANEIS PORQUE O TONI NA SANTA CASA TEM OS TELHADOS CHEIOS . INSTALADOS PELA BIG SOLAR.
Caro José, tanto os painéis solares como as caldeiras de biomassa sabe muito bem que são instaladas em local apropriado e a água tem que estar livre para os utentes das piscinas possam nadar. Já que está numa de brincar com energias, imagine que há uma fuga de gás….daquele que a Repsol ficou de fornecer para aquecer a dita água e ambientar o pavilhão…
SE O TONI FOSSE PRESIDENTE CERTAMENTE TERÍAMOS A CAMARA AS PISCINAS CHEIAS DE PANEIS .
Leiam o texto com atenção e cuidado. O fracasso não está na Enertech, porque a “ideia” original centrava-se nas energias da Biomassa e depois da Iª Enertech, foram um pouco mais além e alguém na CMS quis dar um passo maior do que a perna. Outra razão prende-se com a posição da autarquia relativamente às opções energéticas que toma. Quando se promove a Biomassa e outras energias limpas, a autarquia celebra contratos de fornecimento de GÁZ para as piscinas e pavilhão….e não posso estar mais de acordo com o senhor Ramiro de Matos.
caro Paulo
Impedido por questões pessoais e familiares de estar presente na ENERTECH, e não tendo outra informação, foi com surpresa que li este teu texto.
Mas, infelizmente, não era nada que eu não tivesse medo que viesse a acontecer. E isto porque se impõe a pergunta “O que é que o município, para além de apoiar o licenciamento de eólicas e receber as rendas tem feito no setor energético?”
Ou seja, a ENERTECH aparece porque existe uma estratégia de afirmação concelhia na área energética, ou é só para encher o olho?
E lembro que já em 2009 a candidatura do PS liderada pelo Toni defendia a criação de um Programa “Sabugal Renovável”, em parceria com os empresários e as suas Associações, apoiando o desenvolvimento de um Pólo Industrial “Energias Renováveis”.
E defendia ainda Definir e executar o Programa de Utilização de Energias Alternativas em edifícios e espaços públicos. Criar o Programa Municipal “Eco-Comunidades”, de transformação de espaços urbanos em comunidades ambientalmente sustentáveis. Criar o Programa “Frota Municipal Limpa”, de aquisição de viaturas híbridos, a gás ou a electricidade. Criar o Programa Municipal “Sabugal Alternativo”, apoiando a consolidação e melhoria das boas práticas de gestão ambiental e de utilização de formas de energia alternativas pelas pessoas, empresas, instituições e associações do Concelho.
Tivesse o PS e o Toni ganho em 2009 e, hoje a realização de uma feira como a ENERTECH teria todo o sentido e seria, por certo mais participada e mais útil ao Concelho do Sabugal.