As lágrimas da Diáspora do nosso Concelho caem na nossa alma porque os caminhos da Saudade são dolorosos…

Olhaste pela última vez para tua Mãe, lágrimas de Saudade deixavam-lhe no rosto profundos sulcos de sofrimento. Os seus olhos estavam brilhantes, lembravam o orvalho que tu pelas suaves manhãs acariciavas com cuidado para não quebrares a tenra flor que saciava a sua sede, dos seus lábios saía uma amorosa e maternal oração, acariciaste-lhe o rosto e partiste.
Percorreste depois a sagrada paz da tua aldeia, os teus soluços de dor infinita não se ouviam, a tua alma ia-se despedaçando, e em cada ser amado e em cada lugar ficou um pedaço de Saudade. Foste dizer adeus ao Côa, ajoelhaste numa das suas margens, ele ouviu teu pranto de solidão, chamaste-lhe Deus da Saudade, pediste-lhe para deter o tempo!
Parou o bramido dos açudes, nenhum ser quebrava o silêncio, ele disse-te que nada se apaga na distância, e que não há uma só noite por mais negra e triste que seja que não tenha um amanhecer, estas palavras deram-te esperança, deram-te coragem para enfrentares novas vidas e novas gentes. Partiste então, um último olhar e um desejo: Mãe Terra quero que sejas o meu último leito!
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Alguém me disse que ao chamar Diáspora às comunidades Concelhias espalhadas pelo Mundo estou a cometer um erro, estou a confundir – Diáspora – com – Emigração – , respondi que se Diáspora tem a ver com um povo perseguido, politica, económica, religiosa e culturalmente, e Emigração com procura de melhores condições de vida, a partida do Povo do Concelho do Sabugal desde o século XIX, até hoje, princípios do século XXI, teve a ver com a pobreza, a exploração, o analfabetismo a intolerância política e religiosa a que foi submetido.
Presentemente, uma União Europeia Elitista, uma Globalização Selvagem e um abandono do interior de Portugal por parte da Elite política, governos centrais, são os três factores que levam à partida dos jovens do Concelho do Sabugal para o litoral e para o estrangeiro, ninguém os persegue, mas sentem-se perseguidos pela indiferença…
Por isto, e muito mais, lhe continuarei a chamar Diáspora Concelhia.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
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