A acção da Confraria do Bucho Raiano tem permitido dar a conhecer a gastronomia do Sabugal e da região envolvente, sendo porém necessário avançar para a certificação do produto, garantindo assim a sua qualidade e as formas tradicionais de confecção o que lhe conferirá um maior potencial, nomeadamente do ponto de vista comercial.
A ideia de criar a Confraria nasceu na diáspora sabugalense, entre amigos que organizaram um almoço para se lançar o desafio. O repasto realizou-se no dia 17 de Novembro de 2007, na Casa do Concelho do Sabugal em Lisboa, juntando cerca de 80 convivas, num autêntico acto fundador da Confraria.
Depois de um caminho de informalidade com a realização de outros almoços de convívio, a Confraria do Bucho Raiano foi finalmente escriturada enquanto associação no dia 6 de Maio de 2009.
Eleitos os corpos sociais e efectuada a adesão à Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, realizou-se no dia 17 de Abril de 2010, no Sabugal, o capítulo fundador, apadrinhado pelas ilustres confrarias do Queijo Serra da Estrela e da Chanfana. Sob os acordes da banda filarmónica da Bendada o colorido dos trajes confrádicos espalhou-se pelas ruas com o desfile das confrarias.
Seguiram-se outros capítulos anuais, sempre no sábado de Carnaval, mantendo-se o rigor cerimonial, com a presença de oradores ilustres e com a homenagem sucessiva a personalidades que defendem a raia e a sua gastronomia popular.
O bucho, divulgado pela acção persistente da Confraria, é hoje um produto de referência, com produção assinalável e venda para todo o país e para o estrangeiro.
Através da Confraria o Sabugal esteve em diversos certames, como exposições, feiras, reuniões capitulares, colóquios e conferências.
Há ainda um longo caminho a percorrer, de participação activa em actividades que valorizem o bucho, prestigiando um produto de excelência que pode ser uma das bandeiras de uma região que necessita de se afirmar no panorama nacional. Porém é necessário transformar em acto um processo que está em falta: a certificação do bucho como iguaria gastronómica. Isso dar-lhe-á credibilidade e, consequentemente, maior potencial para a sua comercialização, passando a ser um produto chave para o desenvolvimento do concelho e da região.
No dia 25 de Fevereiro realiza-se no Auditório Municipal do Sabugal o VIII Capítulo da Confraria, com a participação de outras confrarias de todo o país, o que animará a cidade do Sabugal. O inevitável almoço de bucho acontecerá no restaurante do Casteleiro.
Será mais uma manifestação de vitalidade de uma associação que existe para promover o Sabugal e a sua região através da sua peça gastronómica mais peculiar, genuína e saborosa.
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«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
Caro Paulo Leitão: os anos passam, e de facto põe-se sempre a questão, a certificação do bucho. Qual tem sido o trabalho da Confraria no interregno entre Capítulos?
A título de curiosidade, hoje surge a notícia de um produtor de enchidos de carne de vaca ” jarmelista” na Guarda.
Caro Virgílio Afonso
Entre Capítulos a Confraria desdobra-se em deslocações aos capítulos de outras confrarias em todo o país, levando o estandarte e representando o Sabugal e os seus bons sabores. Trata-se de retribuir a vinda de outras confrarias ao Sabugal no seu próprio capítulo e garantir que continuem a visitar-nos em anos seguintes.
De facto há que certificar os nossos produtos regionais, de modo a garantir-lhes a qualidade e a originalidade necessárias e para que se imponham no mercado como produtos genuínos. Um trabalho que, no caso do Bucho, precisa de agregar diversos parceiros. Mas o caminho faz-se caminhando e julgo que estamos no rumo certo.
Enchidos de carne de vaca? Hoje tudo é possível no mundo da gastronomia alternativa. Temos farinheiras de soja, assim como chouriços e morcelas vegetais, e até leite de arroz e almondegas de gravanços, etc.
Mas o nosso bucho é um produto tradicional, de qualidade comprovada e de grande potencial comercial.
paulo leitão batista