Imagem viva da nossa Terra e da nossa gente, és a alma de um tempo disperso entre o esquecimento e o canto longínquo da Saudade.
A tua alma cansada estava ansiosa para abandonar esse teu corpo, queria regressar à paz da Eternidade, à paz de Deus, de onde veio… Lá, nessa Eternidade não há gritos de dor, sádicas torturas e expiar de pecados como te disseram alguns seres maléficos, não fiques triste com a partida dela, esse remir de pecados é a vida que ela tem levado desde que nasceu, todo o sofrimento se passa na Terra…
A luz da tarde beijava os verdes prados que te rodeavam, cheirava a seiva, as aves iam beber nessas veias abertas na terra por onde passa a água que dá vida, a Natureza estava em festa, e tu, saudosa velhinha?
Aquecias teu corpo à luz da tarde, rezavas pelos seres queridos, por aqueles que te deixaram Saudades, as tuas mãos estavam postas, mãos piedosas esperando pelos passos lentos da morte, talvez ela surgisse com as sombras da tarde e o silêncio da noite, o primeiro a chorar-te seria o orvalho, essas lágrimas da Natureza, teu corpo ficaria na capela perdida entre a ramagem dos carvalhos.
Adeus saudosa velhinha, estou a repetir o que uma vez te disse, estavas viva, provavelmente agora esteja na Paz da Eternidade.
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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