Damos a conhecer um poema inédito de Fernando Pinto Ribeiro (1928-2009), que dedicou à sua cidade (a Guarda), ainda nos anos de juventude.
À GUARDA – Amor de Dom Sancho
Sancho Primeiro, enlevado
no sortilégio da serra,
ficou na Guarda encantado
e esquecido da Terra…
– E a Ribeirinha fermosa,
longe, carpia saudosa:
«Ai por que tanto me tarda
o meu amigo, na Guarda?!…»
El-rei Poeta a sonhar,
na serra azul e nevada,
de olhos no céu, a cantar
madrigais à Guarda amada,
parecia o noivo da serra,
lembrava um monge de Deus,
beijava a neve da terra
comungava o azul dos céus…
– E a Ribeirinha coitada
respirando apaixonada:
«Ai eu vivo em gran desejo
por Don Sancho que não vejo!…»
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…………………………
E um dia, na voz do vento,
que lhe trouxe um beijo em chama,
na volúpia de um momento,
o Poeta ouviu a dama;
e se no coração dele
o «ai» da amada acendeu
tal fogueira que na serra
toda a neve derreteu,
a Guarda ficou, porém,
numa paixão imortal,
presa ao coração de El-rei
Dom Sancho de Portugal!…
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…………………….
Inda hoje, quando o véu
de neve cobre a cidade,
Dom Sancho baixa do céu
nas asas de uma saudade…
Fernando Pinto Ribeiro
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Este poema inédito de Fernando Pinto Ribeiro foi-nos remetido pelo seu irmão, Carlos Augusto Ribeiro.
Saiba quem foi o poeta Fernando Pinto Ribeiro aqui.
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