Nas décadas de 1960 e 1970 a emigração clandestina para França teve por principal palco a zona raiana do concelho do Sabugal, onde a fronteira se atravessava «a salto», usando os «serviços» de passadores experientes. Falamos hoje de como era organizada e concretizada a viagem «a salto» para fora do país.
A viagem «a salto»
As viagens «a salto» de emigrantes portugueses, durante os anos 60 do século XX, tinham «…como principal destino a França…», «… Nos primeiros anos da emigração para França calculava-se que 80 % dos portugueses tinham chegado lá “a salto” ou com “passaporte de coelho”, como se dizia então…».
A problemática da investigação clandestina é para alguns um sinal de fraqueza dos Estados e para outros representam estratégias de poder dos Estados que tiram vantagens das migrações.
No que respeita ao caso concreto do nosso estudo, podemos começar por referir que ao nível logístico, os mesmos locais onde eram armazenados os produtos do contrabando, eram também os locais onde se escondiam os emigrantes, para que na altura considerada oportuna, pudessem então atravessar a fronteira. Os locais iam variando e não seriam utilizados muitas vezes, precisamente por haver o receio de poderem ser detetados pelas autoridades. A oportunidade para a travessia da fronteira era avaliada pelos elementos das redes, consoante as condições de luminosidade das noites e conforme as indicações dos espias sobre o posicionamento dos elementos pertencentes aos corpos policiais, no caso concreto da Guarda Fiscal e da GNR, «…tinha informadores… às vezes iam com um carro à frente, outro atrás… e era mais de noite que fazíamos os transportes…».
Durante os anos 60, a travessia dos emigrantes obedecia à contrapartida do pagamento de quantias monetárias que rondariam os 15.000$00.
Uma parte dos pagamentos feitos pelos emigrantes aos passadores era efetuada quando chegavam ao destino, França no caso concreto. Para isso existiam variados procedimentos: Os mais utilizados eram o envio de cartas, quando os emigrantes chegavam a território francês, informando os familiares que teriam chegado; noutros casos, rasgavam uma fotografia dos próprios em duas metades. Quando chegavam ao destino a fotografia era enviada, para quem tinha a outra metade, normalmente familiares; no caso das duas partes da fotografia coincidirem, era o sinal que o emigrante teria chegado ao destino e que se deveria proceder ao pagamento do acordado aos elementos das redes: «… chegámos a Paris… havia uma senha e uma contra-senha… por exemplo metade de uma nota de 20$00 ou metade de uma fotografia… para dizer que chegámos ao local, nós levávamos metade da fotografia… que era para eles controlarem nas nossas terras, para pagarem ao passador… para receber o resto que faltava…», «… eram 7 contos [preço a pagar ao passador espanhol, para a colocação dos emigrantes em França, no ano de 1962]… tínhamos uma fotografia cortada em dois,… a família ficou cá com metade dessa fotografia e o passador, quando veio recuperar o dinheiro dele, trouxe a outra metade… e recuperava o dinheiro 5.500$00 [ 1.500$00, eram pagos no início da viagem]…», «… Se chegarem a França como combinado com o engajador, enviam a segunda metade da fotografia para a família, sinal de que se deve pagar o resto da soma que é devida…».
Vemos que esta prática das fotografias, como forma de comprovar a entrada dos emigrantes em território continental francês, terá sido adoptada ao longo de toda a década de 60 pelas redes de emigração ilegal.
Num caso ocorrido em 1968, o soldado António da Fonseca Pires, quando fazia o serviço de patrulha fiscal, no designado «caminho do prado», detetou seis emigrantes a atravessar a fronteira. Na posse de quatro desses emigrantes, estavam quatro fotografias rasgadas sensivelmente a meio. Os emigrantes clandestinos acabaram por ser detidos e as fotografias apreendidas, como prova material da tentativa de emigração ilegal. Num outro caso ocorrido em 1964, um indivíduo de nome Joaquim Frederico, foi detetado pelas autoridades espanholas a atravessar aquele território, na companhia de mais 60 ou 70 emigrantes portugueses. Foi entregue à PIDE em Vilar Formoso e na sua posse tinha uma fotografia cortada ao meio.
O envio de cartas era, como já se referiu, um outro método utilizado como forma de comprovar a chegada dos emigrantes a território francês. Nas nossas pesquisas, também encontramos documentos a corroborar este tipo de métodos. Em 1965, na sequência de buscas domiciliárias realizadas pela PIDE, na localidade da Póvoa da Palhaça/Castelo Branco, foram apreendidas 10 cartas de emigrantes clandestinos, a informar que já estariam em França.
Já depois dos emigrantes passarem a fronteira luso-espanhola, eram entregues a passadores espanhóis. A travessia de Espanha era feita com o auxílio destes últimos. Os relatos das viagens que nos chegaram corroboram inequivocamente o relatado por Vítor Pereira, sobre a questão das travessias «a salto», relatando viagens difíceis, provocadas por percursos acidentados, por climas agrestes e pela privação de bens básicos, indo de encontro, também com a linha de pensamento de Michel Poinard, Marie-Antoniette Hily, Jacques Barou e Huu Khoa, todos autores de referência na questão emigratória.
Os depoimentos que recolhemos indicam que, até meados dos anos 60, se tratava de viagens muito difíceis, que demoravam cerca de um mês «…[saímos] no princípio de setembro…de 1962 e chegámos a França… no dia 22 de outubro de 62…», muitas vezes com escassez de água e de alimentos e com pernoitas em lugares ermos e em alojamentos precários», «… Sei que fizemos à volta de 40 Km de noite, atrás do cavalo… ele [passador espanhol] montado no cavalo… muito duro, muito difícil… eles não nos davam nem comida, nem bebida…», «…Na serra da Gata [Espanha], [ficámos] 17 dias… dormíamos lá num palheiro…», «… [Estivemos] … numa casa de vacas [nos Pirenéus Espanhóis],… uma tarde e uma noite, sem comer e sem beber…», a transposição dos Pirenéus era feita na «…clandestinidade, dita vulgarmente «a salto» … que então assume agora grandes proporções…».
As dificuldades que os trajetos apresentavam, chegaram a provocar a morte dos emigrantes clandestinos, algumas vezes, ao que parece, mortos pelos próprios elementos das redes, numa lógica de não deixar rasto que eventualmente os pudesse incriminar.
Embora na nossa pesquisa não tenhamos conseguido obter depoimentos diretos de homens e mulheres que tivessem assistido a esta forma de atuação, muitos referem que ouviram falar.
No caso concreto da viagem de José Amaral, este relata que «…havia um velhote que começou lá a clamar pela Senhora de Fátima… desapareceu, não o vimos mais… diziam que o podiam ter morto [os passadores] … dava muito nas vistas… era um homem já de uma certa idade… era assim que se passava… esses que não aguentavam, a receita era para todos a mesma… matavam-nos, levavam-nos lá para um sítio qualquer e davam-lhe uma cacetada na cabeça e matavam-nos, ou punham-nos… onde a polícia os pudesse apanhar… parece que … nos primeiros tempos… liquidavam a malta…em Espanha…».
Noutro caso, o nosso entrevistado relata que «… na minha viagem isso não aconteceu… um homem aí do Sabugal cansou, mas conseguimos levá-lo… nós já sabíamos que essas coisas tinham acontecido [mortes de emigrantes clandestinos pelos passadores] e nós não queríamos deixar o homem…», «…constava-se isso, mas … da minha parte nunca me aconteceu isso… ouvi falar nisso, que desapareciam…», «…A Emigração “a salto” por terra é … perigosa. A travessia era dura perdendo alguns portugueses a vida…».
As viagens a salto, apresentavam dificuldades substanciais, não só pela dureza da caminhada, que exigia por parte dos emigrantes clandestinos uma resistência física muito considerável, provocando muitas vezes mortes dos mais fracos, mas também pela forma como as autoridades espanholas atuavam, quando detetavam os homens e mulheres naquele território; chegaram-se também nestes casos, a registar incidentes que levaram à morte dos emigrantes, «… havia um homenzinho cá do Soito… ia no comboio… apareceram os carabineiros e fugiram… deram um tiro e mataram-no…», «… Outros chegam a ser mortos quando das intervenções policiais…».
A travessia da fronteira entre Espanha e França apresentava-se como a etapa mais difícil, não só porque em termos de relevo era a parte do percurso mais acidentada, apresentando um clima mais agreste mas também porque existiam dificuldades em compreender as instruções dos passadores, motivadas pela diferença linguística, «… aquilo foi complicado… eram bascos que nos passavam, nós não os compreendíamos, e eles eram homens muito arrojados e a gente tinha-lhe medo, porque se a gente ficava para trás, eles davam-nos um tiro como a um coelho…», «… era na passagem da fronteira que acontecia mais isso… aquilo é uma serra grande… a fronteira, entre um lado e o outro, passámos quase toda a noite a andar… o pessoal cansa, quem estava habituado como nós no contrabando, não havia problemas, mas quem vai sem estar habituado… é o diabo… não havia gelo, mas havia frio…».
As redes de auxílio à emigração clandestina, portuguesas e espanholas, funcionavam de forma independente. O objetivo das redes portuguesas prendia-se com a necessidade de colocar os emigrantes em território espanhol e entregá-los aos elementos que compunham a rede em Espanha. Chegados a Espanha, os emigrantes eram transportados por várias redes que operavam nesse território, até normalmente chegarem às redes bascas – redes que operavam no chamado «País Basco», «[A viagem a salto era feita] … sempre com passadores diferentes… era uma cadeia de passadores, havia os portugueses, havia depois os espanhóis… da Estremadura … já nos entregavam a espanhóis doutra província, nomeadamente Castilha e Leon, …já lá mais na zona da fronteira de França… já nos entregavam aos bascos…», «… aquilo [travessia de território continental espanhol] era por etapas, ele [passador espanhol contratado em Valverde Del Fresno] levou-nos até Salamanca, depois… o outro levou-nos até à fronteira… de Handaye…», «… era uma rede desde cá,… até ao destino deles…».
No trajeto, os grupos de emigrantes clandestinos iam-se reunindo com outros grupos provenientes de outros destinos, até se reunirem todos na zona das montanhas dos Pirenéus espanhóis, onde se processava a última etapa, a travessia da fronteira espanhola para o território continental francês, «… quando atravessámos a fronteira Espanha/França eramos 247, aqui começamos com dois, foi sempre aumentando…» 396; no mesmo sentido, vão as memórias de José Amaral, quando refere que em Irun, se reuniram cerca de 250 homens, «… já estavam 250, depois ali fomos distribuídos, a grande parte iam para Paris…» 397.
Existem, no entanto, também alguns relatos de emigração clandestina de contrabandistas que possuíam contatos em território espanhol. Nestes casos a travessia do território espanhol dispensava muitas vezes passadores e era feita em condições menos precárias.
José Alves, homem raiano que se dedicou ao contrabando até à idade de 30 anos, em 1956 emigrou para França. No relato da sua viagem refere que facilmente se deslocou na companhia de outras cinco pessoas até Ciudad Rodrigo/Espanha, que aí foi recolhido por um cunhado seu que vivia em Madrid. Viajou depois, acompanhado dos outros elementos, no carro do seu cunhado até Salamanca. A viagem era a coberto do disfarce que se dirigiam para as touradas em Salamanca. Viajou até San Sebastian, onde tinha um amigo português que lhe arranjou maneira de atravessar a fronteira para França, com o auxílio de um passador. Após passarem a fronteira em Hendaye-França, apanhou um táxi, que os levou até Paris; «…só os que vinham lá do interior do país [precisavam de auxílio dos passadores, na travessia da fronteira], porque estes aqui [referindo-se aos homens da raia sabugalenses] não precisavam… para emigrar… a maior parte deles… chegavam às povoações confinantes espanholas e apanhavam os transportes públicos e seguiam…».
Nos casos dos emigrantes clandestinos habituados à prática do contrabando, uma vez que as suas necessidades se prendiam, na maior parte das vezes, com a travessia do território espanhol para o território francês, não necessitavam dos serviços de passadores do lado da fronteira portuguesa. Nestes casos, as quantias reduziam-se substancialmente: « …nessa altura [1964] foram 5.500$00 …tudo ficou combinado… com esse espanhol das Elhas…», «… nós… somos raianos, somos da raia… e esse senhor vinha cá [espanhol]… e combinámos com ele…», «… eu conhecia aquilo tudo [zona raiana],… porque andámos lá na vida do contrabando com os cavalos… eu conhecia ali aquilo… na Espanha, a organização.. como… se transportava e onde é que se ia, eu não estava ao corrente dessas coisas…».
Apesar disso, algumas vezes os locais, recorriam a passadores ribacudanos. Esta situação julgamos ter ocorrido com mais frequência, principalmente nas décadas de 40 e 50 e do século XX, uma vez que nessa altura as redes não se encontravam suficientemente oleadas para a entrega dos emigrantes a passadores espanhóis, nem existiria uma grande rede de contatos privilegiados do outro lado da fronteira, a não ser os contatos dos homens que operavam as redes espanholas de contrabando, nem tampouco as redes portuguesas e espanholas de emigração clandestina se encontravam a funcionar de forma eficaz e permanente, «… Depois aqui [a partir dos anos 60], já havia mais passadores…».
Nos anos 50 a emigração intra-europeia era residual e, como tal, não haveria justificação para a existência de redes de emigração clandestina a operar em território espanhol, a não ser nas zonas mais a norte do território, já junto à fronteira do território continental francês, principalmente para auxílio à passagem fronteiriça de emigrantes espanhóis. Os passadores portugueses viam-se assim obrigados a entrar muito mais para o interior do território espanhol, até aos locais onde as redes espanholas operavam, já de forma mais organizada.
Quando então os locais contratavam passadores portugueses, o serviço, por força do anteriormente explicado, era feito desde território nacional, até junto aos limites da fronteira com França e em alguns casos até ao território Francês.
António Manso e António Martins, ambos homens raianos sabugalenses, habituados desde cedo à prática do contrabando, referem que, em 1956, contrataram o António Salsa, passador a quem já nos referimos no presente trabalho, com o intuito de que este providenciasse a sua emigração para França, «…contratei… o António Salsa, … acordei dar 6.000$00 … para me pôr em território francês… eu sai daqui dos Fóios por Valverde Del Fresno… nessa altura para ir daqui para Valverde não precisava dele… eu ia sozinho… conhecia bem o caminho, talvez mais que ele … ele na altura … conseguia pôr … as pessoas em território Francês … havia mais pessoas à espera na Torre de D. Miguel [Espanha] … que já tinham saído daqui a noite atrás, a pé … era gente toda daqui [da localidade dos Fóios]… ali montaram eles também no automóvel [conduzido pelo Salsa] e levou-nos até Pamplona… em Pamplona… veio um senhor… e aquele homem ocultou-nos lá, aquilo estava tudo preparado através do Salsa … depois… já nos Pirenéus espanhóis… vieram dois homens bascos e ali começamos a andar das seis da tarde, até às seis da manhã do outro dia… para atravessar os Pirenéus a pé e esses dois homens deixaram-nos numa casa de campo nos Pirenéus franceses…, foi nos finais de julho de 56…», «… [em 1956, contratou] um passador… chamavam-lhe António salsa… era um grande passador… [paguei] 6.500$00, saímos à noite, até ao sítio onde íamos levar o café, até à Torre [referindo-se à Torre de D. Miguel, em Espanha]… mais um homem dos Fóios que… conhecia lá os passadores… o Manuel Serra… o António Salsa, o único passador era ele… arranjava-se com o outro, lá lhe dava alguma coisa para ir levar os homens a tal sítio, [na Torre de D. Miguel], esperámos… até que veio… outro passador a buscar-nos numa camioneta… e depois fomos até … Pamplona… estivemos quatro noites à espera de outro passador… e depois passaram-nos… o dia 01 de novembro [1956] …».
A partir de finais dos anos 60, as travessias começaram progressivamente a tornar-se menos complicadas. Já não encontramos na nossa investigação relatos de emigrantes, nem de passadores, que referissem que as suas viagens envolveram longas caminhadas a pé, nem relatos de dificuldades relacionadas com falta de alimentação e de água.
Nos anos 70, com exceção da travessia da fronteira portuguesa, as viagens começaram a ser feitas de carro, em condições, minimamente aceitáveis, sendo que por esta altura, «… Graças às facilidades oferecidas pelas autoridades espanholas e francesas, o custo financeiro das passagens clandestinas baixa drasticamente…», provavelmente também devido às menores dificuldades que as viagens apresentavam e ao surgimento de um maior número de passadores, «… [a partir de 1969] 3, 4 contos… [em Vilar Formoso], dizia-lhes assim: vocês descem aqui e vão direitos à linha de caminho-de-ferro… seguem-na sempre até que entram na Estação de Fuentes de Oñoro [Espanha] … dali havia um caminho… até que eu chegava com o carro…», «… [passei] pelas Fuentes [Fuentes de Oñoro], … atravessei a linha do comboio…», «… mais tarde tiravam o recepissé na Guarda Civil espanhola [referindo-se a autorização para viajar em Espanha] … chegavam a França, mostravam aquele recepissé… dava para chegar a Paris… em Paris… iam à emigração e era-lhes dado um recepissé provisório…», «… até que… arranjavam uma carta de trabalho…», «… Em agosto de 1966,… a Administração espanhola resolveu conceder a todos os clandestinos… um salvo-conduto válido por 30 dias …[na posse do salvo-conduto os] agentes franceses … atribuem um certificado de controlo… [para a] sua regularização…», «… [em 1962] era muito difícil arranjar documentos em França…» 413, «…ultimamente [referindo-se aos finais da década de 60] … até começaram os franceses a dar passes, os espanhóis davam um passe para as pessoas entrarem… [o preço das viagens] diminuiu… quando foi mais tarde já se levavam por 4 contos, por 3, era assim…[no início era] 7… no máximo 24 horas, 30 horas estávamos no destino… normalmente iam sempre de carro… depois as famílias é que orientavam as pessoas, arranjavam-lhe documentos e essas coisas todas…».
O desanuviar das difíceis condições da travessia, aliadas a um acolhimento eficaz dos emigrantes, por parte dos poderes públicos franceses, «…[em] França era relativamente fácil arranjar papéis e trabalho…», e à existência de conterrâneos, familiares e amigos já completamente estabelecidos no território, «Os habitantes da mesma aldeia juntam-se aos conhecidos já instalados em França…», «…num primeiro tempo viveram em bairros degradados onde encontravam rapidamente amigos que os ajudavam a dar um rumo à vida, depois de terem sido fortemente explorados pelo passador e o engajador…», explica, em grande medida, o incremento substancial da emigração ilegal para França que se verificou, a partir de 1970: 326.084 emigrantes clandestinos, entre 1970 e 1974, contra 212.801 emigrantes clandestinos, registados entre 1960 e 1969, explicando também a inexistência de processos crimes, pelo menos no Arquivo do Tribunal Judicial do Sabugal, nos anos posteriores a 1970, como já foi referido no capítulo da presente investigação dedicado ao tema.
Também devemos recordar que o incremento da emigração ilegal a partir de 1970, se explica devido à atitude e à forma de encarar o problema por parte de Marcelo Caetano, «… A liberdade de emigração que o meu Governo promoveu destinou-se a combater a clandestinidade. Esse objetivo humano teve primazia sobre qualquer consideração económica …», se bem que a questão da clandestinidade não só não desapareceu, como teve um incremento. No entanto, deixou de ser punida penalmente.
:: ::
«Emigração Clandestina», tese de mestrado de Rui Paiva
Leave a Reply