Nas vésperas do dia em que as famílias portuguesas honram a memória dos seus falecidos, relembro os mais importantes da minha vida…

1. O meu avô Manel Gonçalves

Que saudades tenho do meu avô! A ele devo muito do que sou. Fui, tenho a certeza, o seu neto preferido, e para mim ele foi e será sempre o meu super-herói.

Lembro as muitas conversas que tivemos. Lembro as maçãs, as nozes, as peras que sempre saiam dos seus bolsos mágicos quando voltava da horta. Lembro as idas à Senhora da Póvoa.

E não tenho dúvidas que quando se considerou um peso para a família se deixou morrer…

A ele volto sempre que tenho dúvidas sobre o que fazer. E sempre encontro a resposta certa! Obrigado avô…

2. O meu pai Armando

Como percebo hoje porque os seus amigos lhe chamavam o «Armando colega»!

Infelizmente só percebi isto plenamente após a sua prematura morte, do que nunca me perdoarei.

Mas se hoje considero como importantes questões como a honra, a honestidade, a lealdade, o cumprimento da palavra dada, o ser mais do que o ter, foi nele que o aprendi.

Lembro-o a tocar trompete. Lembro-o a cantar fado. Lembro-o como bombeiro. Lembro-o a voltar tarde para casa porque tinha de se matar a trabalhar para que os filhos pudessem estudar.

Não era homem de grandes manifestações de afeto, mas todos sabiam que o Armando, mais que ser um pai, era o colega em quem se confia… Obrigado pai…

3. A minha mulher Delfina

Conheci-a no dia 14 de Fevereiro de 1985 e percebi que era «a mulher»!

Dela podia dizer muito, mas basta partilhar um pequeno segredo que alguns conhecem. Casámos num dia 2 de Outubro. Os últimos meses da sua vida foram uma luta permanente num quarto de hospital. Dia 2 de Outubro comemorámos o nosso casamento. Na madrugada seguinte morreu…

Na sua campa, deixei um verso singelo do fado «Barco Negro» imortalizado por Amália: «Eu sei, meu amor, Que nem chegaste a partir, Pois tudo, em meu redor, Me diz qu’estás sempre comigo.»

E está, sempre presente, sem se intrometer entre mim e a minha atual mulher… Obrigado Delfina…

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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007)
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