:: :: A Ponte de FERRO :: :: – Pelo menos entre a Guarda e Vilar Formoso todos sabem e muitos conhecem a Ponte de Ferro. O que alguns desconhecem é que esta ponte afinal é de Alvenaria de Granito e por isso pedra. De qualquer modo é uma obra de arte imponente.

Vista parcial da ponte ferroviária sobre o Côa – (Ponte de ferro)
A ponte ferroviária sobre o rio Côa e cuja imagem acima se apresenta é uma das que, sendo construídas em alvenaria de pedra de granito, apresenta uma imagem imponente fruto do vale que transpõe, onde corre nas suas profundezas escavadas pelo tempo, o Rio Côa.
Esta ponte foi construída para possibilitar o atravessamento do Côa pela linha ferroviária da Beira Alta. A actual ponte que foi construída na década de 40 do século XX substituiu outra ponte que no mesmo local tinha sido edificada aquando da construção da linha da Beira Alta.
A ponte anterior, executada em ferro, foi projectada pela casa Eiffel em 1882, data em que se iniciou a construção da linha da Beira Alta. Era uma ponte com 4 pilares metálicos e assentes em sapatas de alvenaria de pedra. O tabuleiro, também ele metálico tinha uma extensão de 207 metros tendo uma altura máxima de 47 metros.
Era uma obra de arquitectura do ferro e por isso, igualmente imponente face ao vale que vencia. A verdadeira ponte de ferro, teve uma vida não muito longa, cerca de 50 anos, e admito que a sua construção tenha tido como razão fundamental a necessidade de rapidamente construir uma ponte. Naturalmente que construí-la de ferro (que estava na moda) era mais rápido do que de pedra, pois podiam ser preparados os diferentes elementos em vários locais ao mesmo tempo e depois disso, ali apenas se montava a ponte.
A montante desta ponte foi construída outra, a que actualmente lá se encontra, desta vez totalmente feita com material abundante nas redondezas, o granito. A preparação dos blocos de granito por métodos maioritariamente manuais, certamente que obrigou a despender alguns anos até a ponte ter o aspecto que agora tem. O granito base para diferentes blocos, veio de uma pedreira das redondezas, no Rochoso.
A razão principal para a escolha daquela pedreira, parece ter estado na cor do granito e na sua uniformidade. É que, qualquer ponte, para além de ser uma estrutura que permite transpor um vale neste caso, também é uma obra de arte e por isso a cor e características do material, para além da dureza, são muito importantes.
As sapatas e a amarração da anterior ponte ainda hoje passados estes anos todos são visíveis, imediatamente ao lado da actual ponte, do lado nascente, e por isso para jusante.
Nas redondezas, a primitiva ponte, a de ferro foi na verdade tão importante ou mais do que a que se lhe seguiu – a actual. Todos nós sempre ouvimos os nossos pais referirem-se à ponte actual – apesar de terem conhecido a anterior – como sendo a ponte de ferro.
Ainda hoje as pessoas das terras próximas a conhecem por esse nome de FERRO, embora todos saibam, porque podem vê-la, que afinal é de pedra.
Aliás esta ponte é pródiga em ditos. Também é conhecida, pelo menos na minha zona como sendo a ponte dos sete arcos. Só que, se virmos bem ela tem oito. Explicação para isso, não encontrei, mas certamente que existe.



Esta ponte a ponte ferroviária do Côa, foi objecto de parte de uma tese de mestrado na universidade do Porto em que se analisa a dinâmica desta infra-estrutura ferroviária tão importante na nossa zona.
A tese completa está disponível (aqui) sendo o mestrando autor o Engº. Civil Gabriel Esteves Afonso. Algumas das imagens também foram retiradas desse documento académico.
O local onde esta ponte está implantada não é de acesso fácil. A ponte apenas foi construída para lá passar o comboio e por isso, qualquer outra valência não foi considerada na sua construção, nem mesmo a pedonal.
Mesmo hoje, quando está em fase de concretização a modernização desta linha, através dos fundos comunitários do programa 2020 certamente que a travessia por esta ponte, vai reduzir as hipóteses, por exemplo, de duplicar a linha, pois o seu perfil transversal é de 4,8 metros.
Embora de acesso difícil, e apenas pedonal, a partir das aldeias circundantes é sempre possível encontrar um caminho que nos leve até à ponte de “Ferro”. Mas não espere facilidades quem pretender deslocar-se até lá. Por outro lado, a paisagem que vão ver, certamente que compensa todo o cansaço que o caminho vai provocar.
As coordenadas da ponte encontram-se (aqui) apenas para orientação genérica.
Por último, um pequeno alerta, para precaver impulsos mais intensos: Não tentem atravessar a ponte a pé, pois embora os comboios não sejam frequentes, podem aparecer, e por outro lado, a ponte não foi feita com o objectivo de permitir o atravessamento de pessoas, a não ser de comboio.
De comboio, apanhando-o por exemplo na Cerdeira no sentido de Vilar Formoso, vão deliciar-se com a paisagem não só do vale do Noémi, mas também da ponte do Engenho (ferroviária) e a seguir da dos Sete Arcos ou Ponte de Ferro.
Boas imagens e boas viagens por estas terras que apesar de nossas, pois foi cá que nascemos, queremos partilhá-las com os leitores.
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«Do Côa ao Noémi», opinião de José Fernandes (Pailobo)
Boa Noite,
Antes de chegar à Cerdeira do Côa, via linha ferroviária, existe uma outra ponte, essa sim de ferro.
Quando li o título do artigo, pensei que se estivesse a referir a essa, pois também é conhecida como a “Ponte de Ferro”. Não tem é o tamanho da que refere aqui.
o local encontra-se indicado aqui https://goo.gl/BYPq4V
Cumprimentos