A medida primordial para o desenvolvimento do interior do país é a dotação de uma boa cobertura de sinal de comunicações, pondo cobro ao isolamento e ao bloqueio ao seu desenvolvimento.
Voltamos a um tema recorrente: a falta de cobertura de sinal de comunicações em muitas das nossas terras.
Como pode o concelho do Sabugal, à semelhança de outros do interior do país, seguir a rota do desenvolvimento quando não é possível comunicar e interagir em tempo real com o resto do mundo? A falta de rede de telemóvel, ou o seu fraco sinal, impede o uso desse meio de comunicação, assim como a Internet que lhe está associada através dos dispositivos tecnológicos de uso pessoal hoje disseminados.
Os empresários, os trabalhadores e funcionários com responsabilidades, ou qualquer cidadão, e sobremaneira os jovens, necessitam de estar comunicáveis a todo o tempo. A presença física no local de trabalho é muitas vezes dispensada, desde que que a pessoa esteja em contacto permanente e com a possibilidade de intervir on-line nos processos em evolução. Se essa comunicabilidade não é garantida em algum lugar, é impraticável que alguém com responsabilidade aí permaneça. Se um jovem habituado às plataformas multimédia, para estudar, jogar ou «socializar», se vê privado dessa ferramenta, sente-se diminuído e incapacitado, desejando sair dos locais onde isso acontece. É assim que muitos pais se deparam com dificuldades em manter os filhos no interior do país, pois eles preferem outros locais onde a comunicação permanente seja uma realidade.
Em muitos locais do concelho do Sabugal o sinal das operadoras espanholas sobrepõe-se ao das portuguesas e para comunicar é necessário activar o roaming, pagando mais pela comunicação.
No essencial continuamos com os mesmos problemas de cobertura de rede que já existem há vários anos. As operadoras não agem, mau grado as reclamações dos particulares, a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) nada diz e os Municípios afectados fingem que o problema não lhes diz respeito.
Sendo o Sabugal um dos concelhos mais prejudicados, com imensas zonas sem cobertura de rede ou com um sinal fraco, impõe-se que o Município reaja, em defesa dos seus habitantes, das actividades económicas e do seu desenvolvimento.
Face à criação pelo governo da Unidade de Missão para o Interior, que em interacção com as autarquias apresentará ao Conselho de Ministros o programa nacional para a coesão territorial, é preciso defender que a medida primordial para a defesa dessa coesão é dotar o interior de uma cobertura de rede exactamente igual à que têm as zonas do litoral do país.
À Câmara do Sabugal exige-se que faça o seu caminho, fazendo ver que o nosso desenvolvimento depende em grande parte da resolução definitiva deste grave problema.
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«Contraponto», opinião de Paulo Leitão Batista
leitaobatista@gmail.com
Estimado Paulo Batista, gosto muito de férias e de descansar em locais calmos para fugir à rotina da grande metrópole onde vivemos e trabalhamos, mas isso não implica não dispor dos serviços essenciais. AS TIC TAMBÉM PODEM SER COLOCADAS AO SERVIÇO DO DESCANSO E SÓ AS USA QUEM QUISER. O distrito da Guarda também é Portugal, mas a entidade reguladora não tem força para exercer o seu poder e as operadoras fazem o que querem, neste caso até poderão argumentar que essas localidades são para descansar, EU DIRIA MAIS, SÃO PARA ABANDONAR (os apologistas do isolamento deveriam fazer uma petição para o corte imediato da electricidade). Grande Abraço
Completamente de acordo contigo.
Penso que falta da parte do Município um atitude mais pro-ativa junto dos operadores.
Sei que estes se escudam no contrato que têm, dizendo que já ultrapassaram os níveis de cobertura a que estavam obrigados.
Sei, também. que não é rentável estar a colocar mais antenas para um volume de tráfego baixo.
Por tudo isto, deve caber ao Município encontrar formas de tornar viável a total cobertura do Concelho.
Não podia estar mais de acordo, Paulo. É uma lástima. Os emigrantes e suas famílias são das maiores vítimas desta anormalidade que nada tem a ver com o séc. XXI. Uma boa luta para os poderes locais empenhados na qualidade de vida das nossas populações, acho eu.
Dizia-me um amigo que precisava de férias, mesmo férias como reafirmava, daquelas em que se desliga do mundo, sem ligação a telefones e internet. Queria mesmo descansar, sem que o importunassem. Para tal rumou a uma ilha do índico, onde disse, ninguém o aborreceria.
Eu aguardo por ele, para lhe tentar vender um pacote de férias em Águas Belas, território bem mais próximo, com beleza e igualmente sem cobertura de redes.