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Página Principal  /  Concelho do Sabugal • Desassossego  /  Primum vivere deinde philosophari
19 Agosto 2016

Primum vivere deinde philosophari

Por César Cruz
César Cruz
Concelho do Sabugal, Desassossego césar cruz 1 Comentário

Em diversas esferas e âmbitos da nossa vida social e quotidiana, o discorrer de ideias sobrepõe-se à capacidade de viver o dia-a-dia. De tanta tinta gasta sobre a vida e da sua importância podemos ter a leve tendência de nos esquecermos do mais importante. Viver.

«Primeiro é preciso viver e só depois filosofar» - capeiaarraiana.pt
«Primeiro é preciso viver e só depois filosofar» (Primum vivere deinde philosophari)

Existe uma expressão latina que afirma a convicção de que primeiro é necessário viver e só depois filosofar. Este artigo versa sobre um tema que à primeira vista pode parecer distinto aos que habitualmente escrevo neste espaço. A questão é que temos de ir a montante das questões e das vivências diárias. As tomadas de decisão e a opção clara por princípios e ideias não nascem de um mero acaso ou de descuido mental.

Em diversas esferas e âmbitos da nossa vida social e quotidiana, o discorrer de ideias sobrepõe-se à capacidade de viver o dia-a-dia. Séneca afirmou, por isso mesmo, que a importância da ordem das coisas traz ao de cima a necessidade de atribuir relevância ao que realmente é essencial. Mais tarde o filósofo Thomas Hobbes viria retomar esta ideia. Muitos dos oradores das nossas praças públicas assumem uma atitude demasiado filosófica sem irem ao encontro da vivência. Não se pode dar o que nunca se teve. Na esfera social, politica e religiosa promovem-se discursos eloquentes, onde o adormecimento dos ouvintes é requisito obrigatório. Assim ouvem sem questionar… O despertar consciências e a tomada de decisões nem sempre tem lugar nos discursos demasiado filosóficos que se ouvem e se leem por aí. Mas convenhamos. Assusta mais os discursos que não são proferidos por quem teria a obrigação de os fazer.

Imputar a outros tarefas e ações, escudando-se numa atitude senhorial e de altivez transmite uma sensação de fragilidade das ideias e das tomadas de decisão que se têm de tomar. Recordo-me que, ainda não há muito tempo, numa aula de política social, interpelava um dos alunos para isso mesmo, aquando do questionamento da origem da tomada de decisão política. A melhor política social é a que nasce no terreno para o terreno. Muitas vezes as tomadas de decisão são efetuadas sem atenderem aos que vivem no local, privilegiando-se interesses e grupos de interesse.

Sei que é difícil descer à mansão da realidade da vida, sabendo que maioritariamente quem dirige os desígnios da coisa pública (república) tem a leve tentação de colocar o fácil discurso acima do difícil viver. Daí que a responsabilidade social das comunidades é fundamental. O movimento não pode ser apenas de cima para baixo mas este deve ser complementado numa atitude de baixo para cima, ou seja da comunidade para a decisão política.

Séneca afirmava que se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável. Homens há que andam ao sabor do vento. Tomam a direção do rumo da incerteza, sem se interessarem para onde vão. Outros homens há, que sendo verdadeiros Homens, independentemente dos sopros do vento, sabem qual o porto que têm de atingir. É esta a diferença entre os tépidos e os assertivos. Enquanto uns navegam sem rumo, procurando portos ao acaso outros há que sabem qual o porto a atingir. Enquanto uns procuram ventos outros buscam portos. E sinceramente muitos procuram as tempestades…

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«Desassossego», opinião de César Cruz

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1 Comentário

  1. António Emídio António Emídio Responder a António
    Sexta-feira, 19 Agosto, 2016 às 7:22

    César:

    Toda a problemática filosófica é na sua essência uma problemática antropológica, por isso vou responder filosofando : o homem moderno atingiu uma indiferença pelos ideais humanistas, por isso, o seu principal objectivo é viver no Mundo das coisas materialmente úteis e proveitosas. Todos os dias, ou quase, me aparece um pela frente, são filhos da filosofia instrumental e pragmática hoje imperante! Estão na posse das chaves da verdade política e económica ! A estes, responde Rousseau : « Não, não é possível que os espíritos degradados por um grande número de preocupações fúteis se elevam jamais a algo grande ».
    Ainda há aqueles que lutam pela ética e pelo humanismo, mas esses são escassamente estimados…

    António Emídio

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