Com muitos portugueses a irem e chegarem de férias, entram também estas minhas crónicas em regime de férias, o que não significa andar distraído…

1. Mais respeito senhores “especialistas”!…
O período negro de incêndios florestais permitiu perceber que pululam por aí uns autodenominados «especialistas dos incêndios» que, sentados nas cómodas cadeiras televisivas, passam horas e horas a debitar soluções milagrosas que só me fazem lembrar a célebre «banha da cobra» dos mercados da minha memória.
Numa altura em que milhares e milhares de portugueses vêem as suas casas, propriedades, animais e alfaias agrícolas serem destruídas pelo fogo; e numa altura em que milhares de mulheres e homens bombeiros voluntários ou profissionais colocam a sua vida em jogo para combater os incêndios, seria bom um pouco de decoro e de respeito.
Se sabem tanto de tudo, não seria agora a altura de se apresentarem nos quartéis de bombeiros oferecendo-se como voluntários especialistas e combatendo os incêndios lado a lado com esses heróis anónimos?
Se sabem tanto de tudo, onde é que andaram até agora?
Será que todos os outros intervenientes, desde os diferentes actores políticos que nos governaram nas últimas décadas, à Protecção Civil e aos Bombeiros, não passam de uns ignorantes, à espera das ideias luminosas que estes senhores debitam nas televisões?
Vamos a ver se estes «especialistas de pacotilha», quando for a altura de apresentarem as suas propostas, o fazem de forma sustentada e realista, pois de boas intenções e ideias teóricas estão os portugueses cheios.
Aos bombeiros de Portugal e, em especial, aos bombeiros do Sabugal e do Soito, um bem-haja por tudo o que vêm fazendo.
2. Almoços grátis?
Os secretários de Estado, os deputados e todos os agentes da Administração Pública que aceitaram benesses de empresas privadas para ir a França, deveriam ter percebido que era uma opção menos correta.
Mas, daí concluir que se tratou de corrupção é também demasiado. E permito-me contar uma pequena história.
Quando fui para a Força Aérea era costume, antes do Natal, os empreiteiros oferecerem aos engenheiros uma lembrança, normalmente vinho ou whisky.
Mudou entretanto a chefia e, o novo chefe comunicou aos oficiais engenheiros que era proibido receber tais lembranças, pelo que sempre que um empreiteiro aparecia com a habitual garrafa, a mesma voltava para trás.
Nova mudança de chefia e tudo voltou à «normalidade» no ano seguinte.
Passados alguns anos, reencontrei um desses empreiteiros, tendo-se, durante a conversa, falado no tema das garrafas. E, para meu espanto, o meu interlocutor, rematou com a seguinte frase: «Nem sabe a confusão que foi. Entre nós, empreiteiros, só perguntávamos, será que estamos a oferecer pouco?»
Para bom entendedor…
3. Feiras medievais? Que alternativas?
Mais uma sugestão para fugir às feiras medievais: O Milagre das Rosas.
«Segundo a lenda portuguesa, a rainha saiu do Castelo do Sabugal numa manhã de Inverno para distribuir pães aos mais desfavorecidos. Surpreendida pelo soberano, que lhe inquiriu onde ia e o que levava no regaço, a rainha teria exclamado: ”São rosas, Senhor!” Desconfiado, D. Dinis inquirido: ”Rosas, em Janeiro?” D. Isabel expôs então o conteúdo do regaço do seu vestido e nele havia rosas, ao invés dos pães que ocultara.»
É claro que se a lenda é verdadeira, então tal se terá passado durante uma das estadias da corte portuguesa no Sabugal, pelo que a recriação da lenda deveria ser integrada na recriação da presença dos reis.
4. Um livro e um disco
Só depois dos trinta anos de idade li Camilo Castelo Branco, descobrindo então um dos maiores escritores portugueses de sempre.
A distribuição gratuita pelo semanário «Expresso» de parte da sua obra é, assim, um grande acontecimento cultural e, espero, leve mais gente a descobrir a qualidade deste autor.
E ouvir UXIA, cantante galega, é uma boa companhia para a leitura de Camilo…
5. Notícias do bordel de ouro
Continuo a deixar algumas pérolas do bordel de ouro falando hoje de um dos mais «parvinhos» apresentadores das manhãs televisivas e que decretou que só as «bonequinhas tipo Patrocínio» poderão dar de mamar em público aos seus filhos.
Ficam de fora todas as «gordas e mal feitas» que se devia abster de o fazer!
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
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