Nos rostos trazem estampada a ausência e a saudade acumuladas durante um ano inteiro ou talvez mais!…
O reencontro com os que ficaram é penoso e emocionalmente forte! As palavras dão lugar aos afetos, aos ternurentos beijos e abraços. As lágrimas, agora de alegria, inundam os olhos já mirrados e vencidos pela idade dos anciãos que por aqui ficaram.
O momento tão ansiado é de festa! As novidades acabadinhas de chegar, das várias partes do mundo, e sempre contadas com ar triunfal, não fossemos nós um povo de aventuras e descobertas, preenchem os primeiros momentos deste reencontro.
O tão desejado regresso a cada terra e a cada lugar, trás consigo netos que não conhecem os avós e avós que não conhecem os netos… e um linguajar tão diferente e distante que dificulta, ainda mais, a pouca comunicação que por vezes acontece.
Sem dúvida que agora a aldeia tem outra vida! As casas, escuras e bafientas, martirizadas por uma clausura imposta, abrem as suas portas e vidraças para que o sol e o calor possam contagiar quem acabou de chegar. Todos os seus espaços ficam repletos de gente, como se de uma invasão se tratasse e, o silêncio da rua, principal inquilino de outros dias é agora quebrado pelo ruído das reluzentes máquinas, por vezes a cheirar a novo, estacionadas em ruas estreitas, insuficientes para albergar tantos «cavalos» ali estacionados.
A aldeia, agora transformada em espaço multicultural responde, tal como acontece todos os anos, com a alegria de quem vê os seus de volta, nem que seja por pouco tempo!
A festa, em louvou de Santo António, que não sendo o padroeiro do Casteleiro (São Salvador), assume aqui o papel principal. Com o respeito que se impõe, a missa e a tradicional procissão que percorre as principais ruas da aldeia, tornam-se nos momentos mais solenes de toda a festa. Com os Santos cuidadosamente vestidos e os andores enfeitados a gosto, pelos respetivos mordomos, é altura de retribuir a gratidão pelas graças alcançadas e implorar novas virtudes para o futuro. Entretanto, a música e a diversão, a par das conversas em atraso, ocupam tardes e noites deste Verão que agora faz questão de mostrar toda a sua pujança.
Neste tempo de «matar saudades» resta-me desejar a todos um bom descanso e umas ótimas férias, se for caso disso!
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«Viver Casteleiro», opinião de Joaquim Luís Gouveia
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