Muito se tem falado e escrito (e mais ainda se falará) sobre a saída da Grã-Bretanha da União Europeia . É natural, é um facto novo.

Se até aqui, a União Europeia (UE) era um conjunto de países (e pelo que vejo continuará a ser) muito sui generis, pois uns usam uma moeda e outros não, uns com gestões internas estranhas, outros ciosos dos seus impérios, uns ricos, outros pobres…mas à qual todos aderiram de livre vontade.
Poderia, este parágrafo, ser um preâmbulo de um estudo ou tratado europeu, não faltasse a inevitável questão: onde está expressa a livre vontade? Assim, de repente, não me lembro de nenhum país ter feito uma consulta popular, vulgo referendo, para a entrada na UE. Desta forma, o referendo inglês é o primeiro. Talvez a UE não fosse o que é, se o povo dos vários países tivessem sido consultados.
Todo este introito para voltar à saída da Grã-Bretanha (GB) da UE.
Antes de um referendo à saída da UE, a Inglaterra (sim, a Inglaterra) tivesse feito o referendo não à GB, mas pelos povos que a constituem, separadamente. Porque a Escócia pensa de forma diferente da Inglaterra, até o País de Gales tem pensamento próprio. Depois, sim, tiraria conclusões. Mas, claro. toda esta história do referendo foi uma jogada de David Cameron, que assegurou (na altura) a sua sobrevivência política. Um gesto individual e egoísta que abalou todo um continente.
A verdade é que a GB já gozava de um estatuto privilegiado. Estava, como se diz, com um pé fora e outro dentro. E trocava de pé conforme lhe convinha. Pois bem, a decisão está tomada. Em democracia a maioria vence e a maioria (qual?) decidiu sair. E é aqui que a porca torce o rabo. O que fazer? Como fazer? Quando fazer?
Todas estas questões estão interligadas. Devem os representantes da GB abandonar de imediato todos os cargos das instituições europeias? A UE deve cortar todas as linhas com a GB? E quando o vai fazer, num ano, dois…? Claro que os legalistas ainda argumentam que não foi accionado o artigo 50 do Tratado de Lisboa, mas isso será a formalidade. A GB (ou serão só os ingleses?) optou por sair.
A forma como a UE souber, agora, lidar e liderar este processo, fará toda a diferença no futuro. Todavia, o que deixa transparecer, é que há toda uma dúvida (para não lhe chamar ignorância) sobre todo este processo. A verdade é que a UE não estava, não está, preparada para uma situação destas. Parece não haver nos tratados nada sobre este processo A UE pensou sempre em juntar, somar (não usei o verbo unir propositadamente) e nunca pensou (e com tanta gente por lá a escrever leis, normas, regras e mais tralha) em como seria se algum país quisesse sair.
A saída da GB enfraquece, de facto, a UE. Mas creio que a sua saída enfraquecerá mais a GB. Num mundo globalizado e instável, o isolacionismo patriótico é uma balela. A História demonstra-o.
Quanto à UE, não lhe auguro tempos tranquilos. As lideranças europeias são fracas. E enquanto não perceberem que a UE terá que ser mais justa socialmente e mais democrática, haverá outros a quererem sair.
Num tempo em que é necessária e urgente a união, os sinais são de muitas dúvidas.
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
Fernando :
Se a U.E. é alemã, mas debaixo da supervisão dos Estados Unidos, significa que o principal derrotado foram os Estados Unidos. O Brexit é o principio do fim do domínio ideológico, militar e económico dos Estados Unidos. Muito, mas muito haveria para escrever sobre este tema, digo-te que Isabel II de Inglaterra, foi favorável, e é, ao Brexit, ou seja, a Soberana votou para que os ingleses voltassem às suas tradições, boas ou más, são as deles. Também não é por acaso que Donald Trump seja visto como um facínora, e até é possível que o seja, mas estamos numa mudança de Era, e nada é mais forte do que uma ideia à qual chegou o seu tempo !…Estamos numa mudança de Era, esperemos que isso não nos traga grandes transtornos, o Brexit também tem a ver com a China !!! Mas isto é uma questão muito longa para ser escrita num só comentário.
Só para terminar : essa tremenda luta dos trabalhadores franceses contra o projecto de Lei sobre o trabalho « feito » por Manuel Valls, primeiro – ministro francês é baseado num da U. E., que por sua vez tem instruções do Departamento de Estado dos estados Unidos!!!
Assim não ! Sejamos solidários, mas soberanos, não lacaios…
António Emídio