Porque tenho reparado que muita gente gosta muito de ver fotos das ruas da terra e porque gosto muito de mostrar a minha aldeia tal e qual ela é, hoje segui a Rua Direita e vou mostrá-la em pormenor…

A Rua Direita é, sem dúvida, depois da Estrada Nacional, a mais importante via pedonal do Casteleiro. Eu até pensava que ela ia até à Estalagem. E tenho a certeza de que dantes assim era. Mas vejo no Googlemaps que a moderna toponímia a leva só até à Praça e que daí para baixo foi apelidada de Rua da Estalagem.
Vamos segui-la em seis fotos e seis legendas, para facilitar o percurso e a sua breve recordação: da rua e de que lá vivia… pelo menos falando de algumas pessoas com quem tinha mais proximidade – e eram muitas…

Foto 1 – Este é o Largo de São Francisco. No meu tempo era para nós, miúdos, o Terreiro. Lá havia as árvores. Lá havia o marco. Lá havia os bancos da conversa de todos com todos. O cenário hoje é mais diversificado, mais moderno.
Aqui moravam: casa 1 – o Sr. Joãozinho Rosa e ao lado o Sr. Quim Paiva; casa 2 – o Sr. Tó Pinto; casa 3 – o Sr. Zé Mourinha (hoje comprada pela Junta de Freguesia para adaptação a sede da Autarquia). Aqui era também o café, de que se vê uma esquina aqui mesmo à esquerda antes da casa 3.

Foto 2 – À esquerda, «por baixo» da árvore, um aspecto da capela de São Francisco. Depois, a ruazinha que dava para a escola dos rapazes e para a rua do ti Américo Leitão. À nossa frente, a seguir à carrinha, a casa do ferreiro que trabalhava no espaço assinalado a amarelo. Aí havia também um local onde se montava o palco para os teatrinhos de cariz popular mas muito entusiasmado em que brilhavam como ensaiador o Sr. Narciso (depois meu tio por afinidade) e como actores pessoas como o Neca ou outros de igual teor…

Foto 3 – Início da Rua Direita – para trás ficou o Largo de São Francisco. Aqui, no início da rua, destaco três casas: 1 – o tal café de que falei; casa 2 – a serralharia do Sr. Tó Ferreiro (pai inesquecível do meu grande amigo Zé Augusto – hoje com problemas sérios de saúde, ele e a esposa, a quem desejo sinceras melhoras); casa 3 – local onde residiam dois alfaiates da terra, e que toda a gente conhecia.

Foto 4 – Estas casas eram-me também muito familiares: casa 1 – residência do meu tio Zé Gouveia (emigrado e já falecido); casa 2 – Sr. Alexandre Paiva; casa 3 – pai do meu tio por afinidade Martinho Silva.
Esta parte da rua era por mim calcorreada vezes sem conta: para baixo e para cima, até porque lá mais abaixo, depois do cruzamento da Rua Direita com a Rua da Igreja, morava a minha madrinha (de facto: minha avó que tinha sido minha madrinha de batismo e de crisma… – casa essa onde passava a maior parte dos tempos livres, a brincar no quintal ou a estar perto dos animais: os cães do gado, a burra e as vacas).

Foto 5 – Mostro estas casas para lhe dizer o seguinte: na altura nada disto era nada do que agora pode ver… como muito bem sabem muitas das pessoas que costumam ler estas crónicas e que bem conhecem a degradação que por aqui ia!
Em boa hora o dinheiro da emigração (e não só, verdade se diga) serviu para reabilitar estas habitações.
Hoje a terra em geral tem boas casas e as que estão degradadas e abandonadas é porque nelas já não habita ninguém…

Foto 6 – Ora cá está então o final da actual Rua Direita. O local onde está a seta tem à esquerda a Praça com o seu chafariz. As duas casas assinaladas eram o seguinte: casa 1 – local onde havia a casa do Ti Luis Pinto, sapateiro: alcoólico, falecido com a cirrose assassina, ele era um dos mais engraçados e parodiantes copofónico que alguma vez conhecemos no Casteleiro.
Comigo engraçava de tal maneira que me pregava as partidas todas e eu, a ingenuidade em pessoa, caía sempre que nem um patinho… Lá era esperto na escola mas nestas coisas da vida nem por isso!!!! Casa 2 – local onde havia uma loja comercial do tipo dos actuais mini-mercados… A porta da loja dava para a Praça, naturalmente.
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«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Janeiro de 2011)
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Sim, Helena: tem toda a razão. Não quis referir uma casa mas duas: a do seu pai e a do vosso vizinho Miguel Coelho, logo do lado de baixo – os dois alfaiates eram os srs. António Capelo (seu pai) e Miguel Coelho – vizinhos. Certo assim?
Boa noite
A casa que mencionou como casa de 2 alfaiates parece-me a nossa antiga casa e acho que só lá morou o meu pai António Manuel Capelo.Quando a vendemos não foi a nenhum alfaiate…
Helena Cariano