O Interior precisa de instrumentos operacionais para concretizar estratégias de desenvolvimento económico, que reforcem a competitividade dos territórios de baixa densidade.
Um dos instrumentos mais relevantes é constituído por um Sistema de Educação e Formação Regional (SEFR), que responda de forma eficaz às reais necessidades que se colocam ao tecido económico regional.
No que à Beira Interior (BI) diz respeito, importa perceber que o problema não se coloca na falta de oferta formativa.
Na verdade, o SEFR é constituído por um conjunto de instituições de educação e de formação alargado, que comporta:
• Escolas do ensino público e privado, existentes em todos os Municípios que cobrem o ensino básico e secundário, e que, um pouco por toda a BI disponibilizam também cursos profissionais (por exemplo, no Sabugal vão funcionar no próximo ano letivo cursos de Técnico de Gestão de Equipamentos Informáticos e de Técnico de Apoio Psicossocial).
• Centros de Formação Profissional do Instituto de Emprego e Formação Profissional de Castelo Branco e da Guarda.
• Escolas Profissionais – 8 em Castelo Branco e 6 na Guarda.
• Institutos Politécnicos de Castelo Branco e da Guarda, ministrando desde cursos técnicos superiores profissionais a mestrados, passando por licenciaturas e pós-graduações em dezenas de áreas distintas.
• Universidade da Beira Interior na Covilhã com uma oferta formativa muito alargada, desde o nível de licenciatura ao de doutoramento.
• Centro Local de Aprendizagem da Universidade Aberta do Sabugal.
• Outras instituições privadas de formação técnica e profissional.
Fica claro que a questão principal não é a diversidade e densidade de ofertas formativas, mas sim, se:
• As ofertas formativas contribuem para responder ás necessidades de mão de obra qualificada colocadas pela economia regional;
• E, sobretudo, se o Sistema de Educação e Formação está ao serviço das estratégias de desenvolvimento da Beira Interior, ou segue meras lógicas próprias de afirmação/competição face a outros sistemas de outras regiões.
Um exemplo daquilo que considero dever ser a atitude do SEFR da Beira Interior, reside na «Carta de Compromisso para o Desenvolvimento de Trás-os-Montes e Alto Douro» que em Julho de 2014 foi firmada pelas CIM do Alto Tâmega, Douro e Terras de Trás-os-Montes, Institutos Politécnicos de Viseu/Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego e de Bragança, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e pelas Associações Empresariais do Alto Tâmega e do Distrito de Bragança.
O compromisso é assumido em torno de dois pontos essenciais:
1. Unir esforços para combater o declínio do interior norte, no quadro de uma forte parceria em que governo central, autarquias locais, organismos da administração pública, instituições do ensino superior, associações empresariais, empresas e sociedade civil em geral, terão de se articular e assumir as suas responsabilidades com vista a objetivos comuns.
2. Desenvolver um trabalho articulado, colaborativo e continuado de promoção do desenvolvimento territorial sustentável, com base na criação de riqueza e emprego e numa estratégia assente na inovação, inclusão social, coesão territorial e boa governança
É um compromisso deste tipo, envolvendo o Sistema de Educação e Formação da Beira Interior, as Autarquias, as Comunidades Intermunicipais e o setor empresarial, que a Beira Interior necessita.
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ps1. Embora ainda faltem alguns dias, chamo já a atenção para o dia 3 de julho, dia dedicado à Comemoração Solene dos 500 anos da Santa Casa da Misericórdia do Sabugal. Embora ainda não conhecendo em detalhe o programa, permito-me salientar o(s) concerto(s) do «Carrilhão Lusitanius». Falo do maior e mais pesado carrilhão itinerante do mundo, tocado pelas irmãs Ana e Sara Elias, duas das melhores carrilhonistas mundiais. Tenho a certeza que será um momento único para todos os que assistirem a este concerto.
ps2. Considero Herberto Hélder um dos maiores poetas de língua portuguesa de sempre. Por sua opção, as suas últimas obras são quase desconhecidas de todos, pois não permitia uma edição superior a 250 livros. Após a sua morte (há um ano), a Porto Editora editou 33 poemas inéditos do poeta, o que constitui um acontecimento cultural assinalável. A não perder…
Ps3. Não tenho referido os mais recentes êxitos que, um pouco por todo o mundo, obras cinematográficas em que o meu filho é produtor, vêm registando. Desta vez foi em dose dupla no festival de cinema de Curitiba, Brasil: Melhor curta metragem com o filme «Maria do Mar», de João Rosas e melhor longa metragem para «Talvez Deserto, Talvez Universo», de Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes. Entretanto, «A cidade onde envelheço» de Marília Rocha com produção do João foi selecionada para a secção International Independents do Filmfest München 2016.
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007)
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