Falar de Robert Alexander Schumann implica uma visão muito emotiva, onde os encontros e os desencontros se misturam na plenitude da sua vida, tal como seria de esperar de um compositor do período romântico.
Nascido na Alemanha, no seio de uma família culta, desde muito novo Robert Schumann teve contactos com a literatura e a poesia (seu pai era livreiro e editor).
Não é de estranhar, portanto que se tenha aventurado na escrita de poesia, para a qual manifestava bastante aptidão, embora os seus pais preferiam que ele se formasse em Direito. Mas a vontade do jovem Robert indicava o caminho da música, e para o efeito demanda um bom professor de piano na tentativa de ser um conceituado pianista.
Com 18 anos vai para Leipzig a fim de estudar com Friederich Wieck.
Tudo parece bem encaminhado até que em 1832, com 22 anos, se vê impossibilitado de prosseguir a carreira de pianista pois sofreu uma paralisia num dos dedos da mão direita. Morre o pianista e nasce o compositor e o fundador da Nova Revista de Música. Nesta escreve artigos/comentários sobre outros compositores e obras contemporâneas.
Da sua pena saem artigos em que se valorizam os artistas iniciandos (foi o caso de Brahms, que viria a ser considerado como família), ou de outros nomes que viriam a ser muito importantes, como Chopin, Schubert e Mendelssohn.
Foi também em casa do professor Wieck que descobriu o amor da sua vida: Clara Wieck (1819-1896) que estava a ser preparada, pelo pai, para ser uma pianista virtuosa. Robert pede autorização ao pai para poder namorar a filha, mas recebe um rotundo não. Para evitar qualquer tipo de contactos entre os dois, Friederich obriga a filha Clara a partir em digressão, pois na altura já era uma exímia pianista. Para melhor atingir os seus intentos passa a tecer comentários muito negativos sobre a personalidade de Robert. Não fosse o amor que unia os dois jovens e eles não se teriam casado em 1840, situação que só aconteceu quando Clara atingiu a maioridade (21 anos) e muito a contra gosto do pai que se manteve firme em não aceitar o casamento. Esta situação só terminou com o nascimento do primeiro filho do casal.
Em 1843, a convite de Mendelssohn, Schumann foi contratado para dar aulas no Conservatório de Leipzig, mas não se revelou um bom professor.
Nessa altura, viajou para a Rússia em companhia da esposa que já era uma famosa pianista. Esta situação viria a trazer-lhe problemas pois como ainda não era muito reconhecido como um compositor, por vezes era conhecido como o marido da pianista. Em 1850 viria a ser nomeado director musical da orquestra de Dusseldorf.
A saúde de Robert apresentou, desde novo, alguns problemas. Notavam-se sintomas de demência e isto influenciou muito a sua vida, pois houve alturas em que não compõe, e outros em que as obras aparecem em catadupa. Talvez um dos tempos mais estáveis tenha sido logo a seguir ao casamento.
Da sua música destacamos as obras para piano solo, concretamente Carnaval, Op.9 em que um conjunto de diversas citações se faz ouvir, desde a Commedia dell’Arte em Pierrot, o próprio Schumann em Eusebius e Florestan, Estrela (dedicada a Ernestina von Fricken, uma baronesa de quem esteve noivo) Chiarina (dedicada a Clara). Pode ser ouvida integralmente… (Aqui.)
As Cenas Infantis Op.15, trata das recordações que Schumann tinha da sua infância. Numa das muitas cartas que Clara e Robert trocaram, aquela menciona a beleza e o prazer que sente ao tocar estas peças. Destacamos a n.º 7, Taumerai, executada por Lang Lang, a ouvir… (Aqui.)
Por comparação poderemos ouvir a mesma(?) obra executada por Horowitz… (Aqui.)
Nas obras orquestrais destacamos o Concerto para Piano e Orquestra Op. 54, estreado em 1845, sendo Clara a pianista. Podemos ouvir uma interpretação pela Maria João Pires… (Aqui.)
A Sinfonia n.º 3, Op.97, Renana, pode por sua vez ser ouvida… (Aqui.)
Na música de câmara destacamos o Romance para Oboé e Piano n.º 1… (Aqui.)
Os lieder também representam um papel muito importante na obra do autor: Die Lotosblume e Du ring an meinem finger… (Aqui.) e… (Aqui.)
Os momentos de glória haveriam de terminar em 1854 quando se lançou às águas do Reno. Foi salvo por barqueiros, mas posteriormente pediu para ser internado num asilo para doentes mentais, local onde viria a falecer em 1856.
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«A Música dos Clássicos», por Luís Teles
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