Saudade, não é uma «nostalgia mórbida dos temperamentos esgotados e doentes», como disse Almada Negreiros. Saudade é lembrança, no actual momento histórico que atravessamos também é uma reacção cultural à Globalização.
![Saudade](https://i0.wp.com/capeiaarraiana.pt/wp-content/uploads/2016/06/imagesCANG6HDK.jpg?resize=500%2C269&ssl=1)
Saudade é água que reverdece as nossa raízes, torna-se mais premente quando o futuro é incerto, por isso, ninguém consegue construir um sólido futuro transformando o seu passado em escombros.
A Globalização, ou seja, a tentativa de domínio económico e cultural das nações mais ricas, está a transformar o nosso futuro incerto, e se nada fizermos, a nossa cultura e as nossas raízes transformar-se-ão em escombros.
Lembrar, e sentir saudades da ruralidade passada das nossas terras – Trilogia, Homem, Terra e animais dos quais dependia, tanto no trabalho como na alimentação – a religião e as tradições, não significa conservadorismo, conservadorismo seria regressar ao analfabetismo, à religião das trevas e à injustiça social.
Quem não sente Saudade da espiritualidade que estava presente em todos os actos da vida? No amor puro e sincero à família, na boa educação, no respeito pelas pessoas idosas, na honradez, no sentido de justiça, e até no espírito de rebeldia.
Ai dos que só vêem o futuro! Ai dos que só vêem o passado!
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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Rui :
Não duvido Rui, aí talvez ainda não tenha chegado – A Besta do Apocalipse – o salve-se quem puder, a luta de todos contra todos, o tanto tens, tanto vales, e toda uma série de « Valores » inerentes ao Neoliberalismo. Diz-lhes, se com isso não tiveres problemas, que não permitam que ele – Neoliberalismo – ponha uma só pata em território Timorense, o dia que isso acontecer, todos os valores serão perdidos. Dá-lhes o exemplo do actual momento histórico que Portugal atravessa.
António Emídio
Depois de ler o teu artigo, quero testemunhar que aqui em Timor, no contexto em que tenho vivido ao longo destes dois meses, todos os valores que evocas são ainda uma realidade. Pode faltar muita coisa, sobretudo comodidades, mas espiritualidade, amor puro e sincero à família, boa educação, respeito pelas pessoas idosas, honradez, sentido de justiça e muito mais… são valores que esta sociedade timorense ainda preserva. Se alguém duvidar venha até cá confirmar… Abraço