Um velho e bafiento maço de papéis encontrado numa antiga habitação em Arroios, Lisboa, regista, a modo de «diário», o quotidiano de um homem simples que da província rumou a Lisboa onde viveu entre paradoxos e incompreensões.
27 de Abril de 1938
Mediante autorização especial, fui assistir à sessão diária da Assembleia Nacional, em S. Bento, onde os senhores deputados da nação homenagearam o senhor doutor António de Oliveira Salazar, aclamando-o benemérito da Pátria.
Ouvi com muita devoção o discurso do senhor deputado Dr Correia Pinto, que falou nesse eloquente cristão português que teve a virtude de renunciar a muita coisa que lhe era agradável para sobraçar a pasta das Finanças, pondo em ordem as contas do País. António de Oliveira Salazar pegou depois na pasta das Colónias e elaborou o Acto Colonial, lei que deu unidade ao império português. Entrou de seguida na pasta dos Estrangeiros e fez de Portugal uma grande potência colonial respeitada por todas as nações.
Oliveira Salazar foi, ainda nas palavras de Correia Pinto, grande paladino da independência nacional e da civilização cristã.
A aclamação foi aprovada de pé, por unanimidade, seguida de uma calorosa e prolongada salva de palmas.
Que orgulho, ter à frente da nação um homem com tal envergadura.
De tarde voltei à Repartição, mas nada pude dizer aos colegas da minha secção, pois se o fizesse tinha sido fuzilado com ataques de todo o género por parte de Máximo, Cotrim, Veiga Cardoso e outros, que gostam de dizer disparates e blasfémias. Revolucionários como se mostram, eram capazes de me enxovalhar só porque pretendo ser um honrado chefe de família português que segue o caminho da fé, amando a Deus e à Pátria.
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«Diário de Joaquim Salatra», por Paulo Leitão Batista
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