Fui pela primeira vez ao Rock in Rio. Eu sei que já não era sem tempo, mas antes tarde do que nunca. Estive muito mais atenta a tudo o que se escreveu sobre o festival do que em edições anteriores, desde balanços, notícias de cancelamento até aos comentários pelos Facebooks da vida. Uma das coisas que li é que é mais Pop en Rio do que rock. Ora a palavra Rock não se esgota no género musical e se há coisa que o festival faz é pôr a malta a mexer. E há ídolos para todos. Desde a criançada à malta que veste de preto.
E por falar em vestir de preto… há alguma dúvida de que também há moda nisto? Claro que há. E ainda bem. Sempre que a moda servir para que as pessoas se arranjem e sintam bonitas acho que deve ser assumida. Ou vista sem hipocrisia. O Parque da Bela Vista foi uma bela passadeira.
Uma mancha enegrecida fez-se notar no dia de Korn e Hollywood Vampires. Os casacos de pele preta ou antes os sintéticos de imitação foram presença assídua. Nos pés quase sempre as Adidas Superstar, as Adidas Stan Smith ou as clássicas All Star. No cabelo, aqui e ali, viram-se as tranças ao jeito de Kylie Jenner. Os brilhantes na cara importados do Coachella (desconfio eu). Os casacos à cintura… há muito que não via tantos casacos à cintura. Aprendi nestes dias que trazer um casaco à cintura é como ir de cachecol para um estádio. Sim, festivais também são moda e o Rock in Rio parece-me um ex-libris neste campo. Até por ser normalmente o evento do género que abre oficialmente a época, pela vertente cosmopolita e por ser, como se diz desde o Rio de Janeiro, o maior festival de música do mundo.
Em cinco dias de festival muito poucas coisas faltam dentro daquela mini cidade. O festival não se limita mesmo nada à musica embora ela esteja presente em cada momento. Ali há de tudo. Desde a roda gigante, à espécie de «baixa da cidade» com lojinhas dos parceiros comerciais, barraquinhas aqui e ali, inovações, o slide, o Karaoke, a fábrica de sofás, a piscina, os palcos de dança, as lojas de lembranças… sem falar que a muita gente que ali se concentra não se faz notar (como noutros eventos até de menor dimensão) nas filas para tudo e mais alguma coisa, sobretudo para a casa de banho. A fila para a fábrica dos sofás não conta porque ter um sofá na Bela Vista é um luxo.
No campo da música, confesso que gostei muito dos espetáculos da Ivete Sangalo, de quem fiquei fã apesar daquela insistência dela no ser luso-brasileira. Não conhecendo o valor da Ariana Grande (apesar de a seguir no Instagram), não me importei muito de ver a poeira levantar novamente, apesar de só terem mudado os sapatos. Gostei de ver os Queen com o Adam Lambert e confesso que me emocionei ligeiramente no «Love of my life». O meu concerto preferido foi mesmo o dos Maroon 5. Sou team Adam. Acho graça e até sei muitas coisas da vida dele, tal como uma fã adolescente. Foram bonitos uivos.
Recomendo vivamente o festival. Para próximas edições alerto que escolher a telepizza não é uma boa opção. Das piores coisas que já comi na vida. Sugiro as bifanas e os pães com chouriço ou um lanchinho caseiro. Aos VIP aconselho a experimentarem ver os concertos no meio da plebe. Nas varandas não há pó e, apesar da bebida à borla, não compensa a falta de espírito da coisa.
Até 2018 querido RIR!
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«Calhaus há muitos… Seixo há um», crónica de Letícia Neto
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