Numa sociedade onde a percentagem da população ativa é tão reduzida, avizinha-se uma incógnita para o futuro. O presente, esse, parecendo nada nos dizer, persiste em continuar em silêncio, deixando arrastar o peso da (des)inquietação para um futuro qualquer. Entre nós nasce-se pouco, morre-se muito, emigra-se muito, imigra-se pouco e vive-se como se pode…
A proporção de mulheres em idade fértil (15-49 anos completos) no conjunto de toda a população feminina, no concelho do Sabugal, é bastante insipiente. Na verdade, segundo dados, revelados num estudo recentemente revelado, coordenado por Maria Filomena Mendes, apresenta o concelho do Sabugal como o quarto com menor índice de fertilidade do país. Isto resulta do número elevado de idosos face à população mais jovem.
O adiamento da natalidade é duplamente agravado entre nós, resultando no envelhecimento da população e no despovoamento. O aumento de esperança de vida não foi acompanhado por uma equilibrada sustentação demográfica.
Vamos a factos. Em 2011 existiam no nosso concelho 12.544 residentes sendo que 1.004 tinham 14 ou menos anos, 6.386 pertenciam ao grupo compreendido entre os 15 e os 64 anos, e 5.154 pessoas com 65 ou mais anos de idade.
Atualmente os valores indicados para a população residente são inferiores (pouco mais de onze mil residentes). Existem 5 idosos por cada jovem e por cada cem residentes, apenas sete têm menos de 15 anos. Metade da população não é ativa, sendo que em cada cem pessoas, quarenta têm mais de 65 anos. Não é de estranhar que o saldo natural seja tão negativo. Ou seja, morrem mais pessoas do que nascem. Os dados indicam uma perda de mais de duzentas pessoas por cada ano. Dirão que o mesmo sucede em todo o país. É uma realidade. Mas esta realidade é muito mais presente entre nós.
Se o saldo natural populacional é negativo o mesmo sucede com o saldo populacional migratório. É imperativo reformular a demografia num concelho onde resistem mais de cinco mil famílias, onde um em cada quatro residentes não possui nível de escolaridade, onde apenas um em cada cem residentes é estrangeiro. O grupo dos mais idosos também começa a dar sinais de diminuição. Numa década, a transformação da sociedade é marcadamente desequilibrada, onde a fragilização da população ativa é estranguladora.
Perante este cenário atual importa delinear políticas de intervenção, capazes de imprimir uma resposta de uma forma sustentada. A missão não se avizinha fácil e exige a intervenção de todos os atores da sociedade civil e pública, bem como os que ainda conseguem produzir. Os alicerces desta construção não podem abater, deslocando o pêndulo do prumo para outras direções. Resta fazer o que realmente importa. Colocar primeiro as pessoas no centro da discussão. E não esquecendo de ninguém, é necessário ter um olhar mais atento para os mais jovens que persistem entre nós e os que lhes dando oportunidade poderão voltar.
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«Desassossego», opinião de César Cruz
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