Os cinco pecados capitais em que a valorização do Interior não pode cair. O Interior não é o Litoral; o Interior não são apenas as «grandes» cidades; o Interior não se mede «per capita»; o Interior não é o parente pobre; o turismo não é a panaceia.
1. O Interior não é o Litoral
As lógicas de desenvolvimento do interior não podem ser entendidas enquanto repetição das lógicas de desenvolvimento do litoral. Isto é, não se pode querer desenvolver o interior como uma expansão do litoral.
As condições geográficas, demográficas e económicas são distintas, logo, as estratégias terão igualmente de ser distintas.
2. O Interior não são apenas as «grandes» cidades
Não ignorando o papel motor que cidades como Guarda, Covilhã ou Castelo Branco podem e devem desempenhar nas dinâmicas de desenvolvimento do Interior, é um erro enorme pensar que cidades médias desenvolvidas são solução bastante para o restante território.
Sem uma lógica de funcionamento em rede dos diferentes Centros Urbanos (Regionais, Estruturantes e Complementares), acentuar-se-ão as situações de exclusão territorial no Interior.
3. O Interior não se mede «per capita»
Lógicas de intervenção baseadas em cálculos que atendam apenas aos rácios demográficos (x doentes por médico; y processos por tribunal; z alunos por escola, etc., etc.) podem ser válidas em territórios densamente ocupados. São um atentado à cidadania de quem vive e trabalha no Interior.
4. O Interior não é o parente pobre
As decisões sobre o Interior não podem nem devem assentar em «lógicas piedosas», tipo «vamos ajudar aqueles desgraçadinhos»!
Esta é atitude de quem não percebeu que a situação atual conduz a um Portugal menos coeso social e territorialmente, logo, a um Portugal pior.
5. O turismo não é a panaceia
Reduzir o Interior a um local pitoresco, rico em património natural, monumental e cultural, bom para visitar, pode saciar as saudades e relembrar passados rurais, mas em pouco ou nada contribuirá para inverter a situação atual.
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ps1. A primeira página do Diário de Notícias do dia 14 «Medicina Faculdades, estudantes e médicos querem reduzir vagas» era um insulto a todos os habitantes de concelhos como o nosso. Ainda por cima, tal título é continuado por uma frase que começa assim: «Estão todos de acordo. Portugal tem médicos a mais (…)»!!! Leio e não acredito…
ps2. A morte de Vasco Nunes, cineasta descendente de Aldeia do Bispo, leva-me a colocar um desafio ao Município.
O nosso Concelho tem um conjunto de descendentes com nome firmado na sétima arte, começando no Joaquim Sapinho, continuando pelo Vasco Nunes e acabando, (porque não?), no João Matos. E, estou certo, cometo algum erro pois outros haverá que não conheço.
Então porque não efectuar um conjunto de sessões no Auditório de apresentação da obra destes sabugalenses cineastas?
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007)
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