Ufa! Até que enfim! Hoje, Cavaco Silva já não é Presidente da República de Portugal. Acabam dez anos de uma magistratura que não deixa saudades. Foi um homem (porque segundo ele não é nem nunca foi político, apesar dos trinta e seis anos que leva na política) que progressivamente se foi afastando da realidade.

Desde a sua chegada a primeiro-ministro até agora, a figura foi-se transformando numa espécie de mancha. Nestes últimos anos demonstrou que nada tinha a dizer aos portugueses, apesar de falar sempre que via microfones, mesmo que fosse para dizer que nada tinha a comentar.
Fez bem o primeiro-ministro em o convidar para presidir a um Conselho de Ministros, ainda por cima com o mar como tema. Fez bem porque, dessa forma, dá-lhe alguma visibilidade do ponto de vista da imagem e bem porque, já que o discurso, como não há mais nada para dizer, tem sido sobre o mar, fica associado a um Conselho de Ministros sobre esse tema. O facto é que o homem que tem andado a falar do mar é o mesmo que, aquando primeiro-ministro, foi responsável pelo abate da frota pesqueira em Portugal. Para alguém que nunca se engana e raramente tem dúvidas, há aqui alguma coisa que não bate certo. Como não batem certo tantas outras coisas. Mas que, aqui chegados, não me parece correcto, na hora em que parte, trazer à colação. A história far-lhe-à a sua justiça. O facto é que, nestes quarenta anos de democracia que levamos depois de Abril, Cavaco Silva é incontornável.
O senhor que se segue é Marcelo Rebelo de Sousa. Escrevi aqui que o estilo é completamente diferente. Vai haver pelas bandas de Belém muito mais animação. Se quiserem, mais humanidade. O que quero dizer é que Marcelo é mais parecido com o cidadão comum.
Faz-me confusão aquelas votações à Coreia da Norte. Mas foi o que se passou no PSD. Passos Coelho ganhou com noventa e tal por cento dos votos. Ufa! Num partido tão grande, tão heterogéneo, expressam tal unanimidade! Caramba! Não é uma manifestação de apoio ao governo (quando o erram), é uma disputa interna. Mesmo não havendo outro(s) candidato(s), a manifestação de apoio é de um seguidismo impressionante! Tenho que tirar o chapéu a Passos Coelho. Afinal secou tudo à sua volta. Porque, convenhamos, os rostos que o acompanham e o circundam são pequenas ervas insignificantes.
E preparam-nos para assistir ao mesmo no CDS. Portanto, nada de novo. Os agora partidos da oposição preparam-se para nada acrescentar. Muda um rosto: sai Portas e entra Assunção Cristas. Mas esta já deixou claro que a sua moção é a… moção de Portas.
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«A Quinta Quina», opinião de Fernando Lopes
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