Para trás ficou o tempo em que o núcleo da família aconchegava novos e velhos! Hoje em dia, este paradigma deu lugar ao frenesim alucinante que marca um tempo diferente, uma forma de estar em que todos, independentemente do sexo, têm direito à educação, ao trabalho (…) e a uma vida digna, conquistas da Revolução de Abril de 1974.

É exactamente este alargar de horizontes, revestido de desafios constantes, que contribui para uma sociedade mais justa, mais igual, mais culta… mais social.
Felizmente que os tempos são outros e a maneira de cuidar dos nossos idosos acompanharam essa mudança. A fuga dos mais novos para o estrangeiro ou para o «Portugal povoado» – grandes cidades – deixaram para trás, aqueles que pelo peso da idade, pela doença ou pela viuvez consumada, permaneceram na terra que os viu nascer e que um dia os levará para todo o sempre. Foi neste contexto que, há cerca de duas décadas, surgiu o Lar de São Salvador do Casteleiro – espaço de conforto, de calor humano onde, muitas vezes, a distância da família é quebrada pelo carinho e cuidados especiais prestados pelo pessoal que ali trabalha.
«Cuidar do corpo mas também do espírito» é o nosso lema!
Para o bem-estar de todos os utentes concorre um conjunto de profissionais (cozinheiras, enfermeira, médico, colaboradores de apoio direto a todos os utentes, fisioterapeuta, assistente social e diretora técnica) que, cada qual com a sua função dá o seu melhor, de modo a que o envelhecimento aconteça, de uma forma ativa e harmoniosa.
Quantas vezes batemos à porta das suas memórias para que o saber acumulado e «arrumado» possa ganhar força e motivo de interesse para conversas em conjunto?! Quantas vezes o saber fazer assume nova dimensão, corporizada na construção de objetos ligados às suas vivências?!
Vem tudo isto a propósito das vivências que se recriaram durante a recente época carnavalesca, em que não faltaram os «entrudos» (como aqui se chamavam todos aqueles que se disfarçavam) e todas as estórias e personagens de outros tempos, vindas agora à lembrança e multiplicadas para quem as quisesse ouvir.
E quanta alegria contagiante, por vezes a roçar a brejeirice, transbordava naquelas duas carrinhas da instituição, que haveria de levar uma dezena de utentes até ao cortejo de Carnaval a realizar no Sabugal, no passado domingo-gordo!
Já a tarde começava a dar os seus sinais quando, com ar já cansado mas de sorriso rasgado, os idosos regressavam ao seu Lar, ao Lar de São Salvador do Casteleiro.
Se para todos nós a vida é feita de pequenos momentos, também para estes utentes, tão importantes como os cuidados de saúde são, certamente, a atenção, a dedicação e o carinho que diariamente lhe dedicamos, proporcionando a todos um envelhecimento activo.
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«Viver Casteleiro», opinião de Joaquim Luís Gouveia
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